Conselhos Professores, Pais e Estudantes

CAPÍTULO 40

Saúde e Eficiência

CP - Pag. 294  

A saúde é uma inestimável bênção, e bênção mais intimamente relacionada com a consciência e a religião do que muitos o entendem. Ela muito tem que ver com a capacidade da pessoa para o serviço, e deve ser tão religiosamente conservada como o caráter; pois quanto mais perfeita é a saúde, mais perfeitos serão nossos esforços no desenvolvimento da causa de Deus e bênção da humanidade.

Há uma importante obra a ser feita em nossas escolas, no ensino, aos jovens, dos princípios da reforma de saúde. Os professores devem exercer uma influência reformadora na questão de comer, beber e vestir, e motivar seus estudantes a praticar a renúncia e o domínio próprio. Aos jovens se deve ensinar que todas as suas faculdades provêm de Deus; que Ele tem direito sobre cada uma delas; e que, maltratando a saúde de qualquer maneira, desprezam uma das melhores bênçãos de Deus. O Senhor lhes dá saúde para ser usada em Seu serviço, e quanto maior é sua força física, mais forte é sua capacidade de resistência, mais podem fazer pelo Mestre. Em vez de maltratar ou sobrecarregar suas faculdades físicas, devem cuidadosamente conservá-las para uso na causa de Deus.

A juventude é a época para se acumular conhecimento nos ramos que diariamente podem ser postos em prática por toda a vida. A juventude é a época apropriada para adquirir bons hábitos, corrigir os que são maus, obter e conservar a força do domínio próprio, para se acostumar a pessoa a dispor todos os atos da vida com referência à vontade de Deus e bem-estar de seus semelhantes. A juventude é o tempo da sementeira que determina


CP - Pag. 295  

a ceifa desta vida presente e a de além-túmulo. Os hábitos formados na infância e juventude, os gostos adquiridos e o domínio próprio alcançado é quase certo determinarem o futuro do homem ou da mulher.

A importância de cuidar da saúde deve ser ensinada como um mandamento bíblico. A obediência perfeita aos preceitos de Deus reclama a conformidade com as leis do ser. A ciência da educação inclui um conhecimento de fisiologia tão completo quanto se possa obter. Ninguém pode devidamente compreender suas obrigações para com Deus a menos que entenda claramente suas obrigações para consigo mesmo como propriedade de Deus. Aquele que permanece em pecaminosa ignorância das leis da vida e da saúde, ou que voluntariamente viola essas leis, peca contra Deus.

Não é perdido o tempo gasto em exercícios físicos. Prejudica a si mesmo o aluno que está constantemente estudando, enquanto não faz senão pouco exercício ao ar livre. Um exercício proporcionado, dos vários órgãos e faculdades do corpo, é essencial ao melhor trabalho de cada um. Quando o cérebro está continuamente sobrecarregado, enquanto os outros órgãos são deixados inativos, há perda de força física e mental. Rouba-se às faculdades físicas seu tom sadio, a mente perde sua frescura e vigor, e o resultado é uma doentia excitabilidade.

A fim de que homens e mulheres tenham mente bem equilibrada, todas as faculdades do ser devem ser postas em uso e desenvolvimento. Há, no mundo, muitos que têm preparo unilateral, por ter cultivado apenas uma classe de faculdades, ao passo que outras diminuíram por inatividade. É um fracasso a educação de muitos jovens. Estudam demais, enquanto negligenciam o que pertence à vida


CP - Pag. 296  

prática. Para manter-se o equilíbrio mental, deve-se combinar com o trabalho intelectual um cuidadoso sistema de trabalho físico, para que haja desenvolvimento harmônico de todas as faculdades.

Devem os estudantes ter trabalho manual a fazer, e não lhes fará mal se, ao fazer esse trabalho, ficarem cansados. Não achais que Cristo ficou cansado? Na verdade ficou. O cansaço não prejudica a ninguém. Apenas torna o repouso mais agradável. Não pode ser repetida em demasia a lição de que a educação será de pouco valor sem a força física com que fazer uso dela. Ao deixarem o colégio, os estudantes devem ter melhor saúde e melhor compreensão das leis da vida do que quando entraram.

Estudo Demasiado

Ao estudante que deseja realizar o trabalho de dois anos em um, não se deve permitir fazer como ele próprio o entende. Fazer trabalho duplo significa para muitos sobrecarregar a mente e negligenciar o exercício físico. Não é razoável supor que o espírito pode assimilar um excesso de alimento mental; e é um pecado tão grande sobrecarregar a mente como o é sobrecarregar os órgãos digestivos.

Aos que estão desejosos de se tornarem obreiros eficientes na causa de Deus, desejo dizer: Se estais impondo uma quantidade indevida de trabalho ao cérebro, imaginando que vos atrasareis a menos que estudeis em todo o tempo, deveis imediatamente mudar vossa idéia e procedimento. A menos que seja exercido maior cuidado neste sentido, haverá muitos que descerão prematuramente à tumba.


CP - Pag. 297  

Ao regular as horas do sono, não se deve proceder com descuido. Os estudantes não devem adquirir o hábito de permanecer em pé até à meia-noite, e tomar as horas do dia para o sono. Se se acostumaram a fazer isso em casa, devem corrigir o hábito, deitando-se à hora devida. Assim levantar-se-ão pela manhã descansados para os deveres do dia. Em nossas escolas as luzes devem ser apagadas às vinte e uma e meia horas.

Cultura da Voz

A cultura da voz é assunto que muito tem que ver com a saúde dos estudantes. Aos jovens se deve ensinar a respirar convenientemente e a ler de maneira que nenhum esforço anormal sobrevenha à garganta e pulmões, mas que esse trabalho seja participado pelos músculos abdominais. Falar da garganta, deixando o som vir da parte superior dos órgãos vocais, prejudica a saúde desses órgãos e diminui sua eficiência. Os músculos abdominais devem fazer a parte mais pesada do trabalho, sendo a garganta usada como um conduto. Muitos que têm morrido poderiam ter vivido caso lhes tivesse sido ensinado como fazer uso da voz, de maneira correta. O devido uso dos músculos abdominais no ler e falar, mostrar-se-á remédio para muitas anomalias da voz e do tórax, e meio de prolongar a vida.

Regime Alimentar

A natureza do alimento e o modo por que é ele comido exercem poderosa influência sobre a saúde. Muitos estudantes nunca fizeram um decidido esforço para governar o apetite,


CP - Pag. 298  

ou observar as regras devidas com relação ao comer. Alguns comem demasiado em suas refeições, e outros comem entre as refeições sempre que a tentação se lhes apresente.

Deve-se fazer com que a necessidade de cuidado nos hábitos do regime impressione a mente de todos os estudantes. Fui instruída quanto a não deverem servir-se, aos que freqüentam nossas escolas, alimentos cárneos nem iguarias reconhecidas como prejudiciais à saúde. Nada que sirva para despertar o desejo de estimulantes deve ser posto à mesa. Apelo para todos que se recusem a comer as coisas que prejudiquem a saúde. Assim podem servir ao Senhor por sacrifício.

Os que obedecem às leis da saúde darão tempo e consideração às necessidades do corpo e às leis da digestão. E serão recompensados pela clareza do pensamento e força mental. De outro lado, é possível a alguém prejudicar sua experiência cristã pelo abuso do estômago. As coisas que perturbam a digestão têm uma influência entorpecente sobre os sentimentos mais delicados do coração. Aquilo que afeta a pele ou a torna pálida, também anuvia o ânimo e destrói a jovialidade e paz de espírito. Todo hábito que prejudica a saúde, reage sobre o espírito. Bem empregado é o tempo que se destina ao estabelecer e conservar uma perfeita saúde física e mental. Nervos firmes e calmos, bem como circulação sadia, ajudam aos homens a seguirem os retos princípios e escutar os impulsos da consciência.

Ventilação e Saneamento

Deve-se dar atenção especial à ventilação e saneamento.


CP - Pag. 299  

O professor deve pôr em prática na sala de aula seu conhecimento dos princípios de fisiologia e higiene. Pode assim guardar seus alunos de muitos perigos a que estariam expostos pela ignorância ou negligência das leis de saneamento. Muitas vidas têm sido sacrificadas porque os professores não têm prestado atenção a estas coisas.

Devem-se evitar as súbitas mudanças de temperatura. Cumpre ter cuidado para que os estudantes não se resfriem sentando-se em correntes de ar. Não é coisa segura regular o professor o calor da sala de aula pela sua própria impressão. Seu bem-estar, assim como o dos estudantes, exige que seja mantida uma temperatura uniforme.

A Recompensa da Obediência

O cérebro é a cidadela do ser. Maus hábitos físicos afetam o cérebro e impedem a realização daquilo que os estudantes desejam - uma boa disciplina mental. A menos que os jovens sejam versados na ciência de como cuidar do corpo assim como da mente, não serão estudantes bem-sucedidos. O estudo não é a causa principal do esgotamento das faculdades mentais. A causa principal é o regime impróprio, refeições irregulares, falta de exercício físico, e desatenção em outros sentidos às leis da saúde. Quando fazemos tudo que podemos para conservar a saúde, podemos então, com fé, rogar a Deus que abençoe nossos esforços.

Antes que os estudantes falem de seus progressos na chamada "educação superior", aprendam a comer e beber para a glória de Deus, e a exercitar o cérebro, ossos e músculos, de tal maneira a habilitá-los ao mais elevado serviço. Um estudante pode dedicar todas as suas faculdades à aquisição do saber, mas, desobedecendo às leis que lhe governam o


CP - Pag. 300  

ser, diminuirá sua eficiência. Acariciando maus hábitos, perde o poder da apreciação própria e o domínio de si mesmo. Não pode raciocinar corretamente acerca de assuntos que muito de perto lhe dizem respeito, e torna-se descuidado e irracionável no tratamento que dá ao espírito e ao corpo.

A obrigação que repousa sobre nós, de conservar o corpo em saúde, é uma responsabilidade pessoal. O Senhor exige que cada um efetue sua salvação dia a dia. Ele nos ordena que raciocinemos partindo da causa para o efeito, que nos lembremos de que somos Sua propriedade, que nos unamos a Ele na conservação do corpo em uma condição pura, sadia, e o ser todo santificado para Ele.

Aos jovens deve ensinar-se que não estão na liberdade de fazer com a vida como lhes apraz. Deus não terá por inocente os que tratam levianamente Seus preciosos dons. Devem os homens compenetrar-se de que quanto maior sua dotação de forças, talentos, meios ou oportunidades, mais pesadamente repousa sobre eles o encargo da obra de Deus, e mais devem fazer por Ele. Os jovens que são ensinados a crer que a vida é um depósito sagrado hesitarão em mergulhar-se na voragem da dissipação e crime, a qual devora tantos jovens promissores desta época.

O professor cujas faculdades físicas estão já enfraquecidas pela enfermidade ou excesso de trabalho deve prestar especial atenção às leis da saúde. Deve tomar tempo para a recreação. Quando um professor vê que sua saúde não é suficiente para resistir à pressão do estudo pesado, deve atender à advertência da natureza, e aliviar a carga. Não tome a si, fora de seu trabalho escolar, responsabilidades que o


CP - Pag. 301  

sobrecarreguem de tal maneira, física e mentalmente, que seu sistema nervoso se desequilibre; pois, com essa conduta, ele se tornará inapto para tratar com as mentes, e não poderá fazer justiça nem a si nem a seus alunos.

Algumas vezes o professor traz para a aula a sombra das trevas que têm estado a acumular-se sobre sua alma. Tem estado sobrecarregado, e está nervoso; ou a dispepsia tem dado a tudo uma coloração sombria. Entra para a sala de aula com nervos trêmulos e estômago irritado. Parece que nada se faz que o agrade; julga que seus alunos se empenham em mostrar-lhe desrespeito; e distribui à direita e à esquerda suas cortantes críticas e censuras. Talvez um ou mais dos estudantes cometam erros, ou sejam indisciplinados. O caso eleva em seu espírito, e ele é severo e incisivo ao repreender aquele que julga em falta. E a mesma injustiça mais tarde o impede de admitir que ele seguiu mau caminho. Para manter a dignidade de sua posição, perde uma áurea oportunidade de manifestar o espírito de Cristo, para ganhar talvez uma alma para o Céu.

É dever de todo professor fazer tudo ao seu alcance para apresentar seu corpo a Cristo como sacrifício vivo, perfeito fisicamente, assim como moralmente livre de contaminação, a fim de que Cristo possa fazer dele um coobreiro Seu na salvação de almas.

<< Capítulo Anterior Próximo Capítulo >>