Cristo não fazia distinção de nacionalidade, classe social nem credo. Os escribas e fariseus queriam monopolizar todos os dons do Céu em favor da sua localidade e nação, com exclusão do restante da família no mundo inteiro. Cristo, porém, veio para derrubar todo muro de separação. Veio para mostrar que o dom da Sua misericórdia e amor, como o ar, a luz e a chuva que refrigera o solo não reconhece limites.
Por Sua vida, Cristo fundou uma religião na qual não há classes sociais; judeus e pagãos, livres e servos são iguais perante Deus e reunidos por um vínculo fraternal. Nenhum exclusivismo influía em Seus atos. Não fazia distinção alguma entre compatriotas e estrangeiros, amigos e inimigos. O que Lhe atraía o coração era a alma sedenta da água da vida.
Não menosprezava ser humano algum mas buscava aplicar o bálsamo de cura a toda e qualquer alma. Em qualquer companhia que estivesse, apresentava uma lição apropriada ao tempo e às circunstâncias. Todo desprezo ou ultraje que os homens infligiam aos seus semelhantes não fazia senão inspirar-Lhe o sentimento da mais viva necessidade da Sua simpatia divino-humana. Buscava incutir esperança no mais rústico e menos prometedor dos homens, assegurando-lhes de que poderiam tornar-se irrepreensíveis e inofensivos, e adquirir caráter que deles faria filhos de Deus.
Firme Fundamento
"Portanto, irmãos", diz o apóstolo Pedro, "procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. Porque assim vos será
amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." II Ped. 1:10 e 11.
Ilustração Prática
Há alguns anos, quando era muito pequeno o grupo de crentes na breve volta de Cristo, os observadores do sábado em Topsham, Estado de Maine, reuniam-se para o culto na ampla cozinha da casa do irmão Stockbridge Howland. Numa manhã de sábado o irmão Howland estava ausente. Isso nos surpreendeu, pois ele costumava ser sempre pontual. Logo, porém, o vimos chegar com a face radiante, iluminada pela glória de Deus. "Irmãos - disse - achei alguma coisa. Achei que podemos adotar uma norma de procedimento, a cujo respeito nos diz a Palavra de Deus: "Nunca tropeçareis." Vou dizer-vos de que se trata."
Contou-nos, então, que notara que um irmão pescador pobre, pensava não ser tão estimado quanto merecia, e que o irmão Howland e outros se consideravam a ele superiores. Isso não era verdade, mas assim lhe parecia; e durante algumas semanas não comparecera às reuniões. Assim é que o irmão Howland foi à sua casa e, pondo-se de joelhos diante dele, disse:
- Irmão, perdoe-me; que falta cometi eu?
O homem, pegou-o do braço, como querendo erguê-lo.
- Não - disse o irmão Howland - que tem o irmão contra mim?
- Nada tenho contra você.
- Acho que alguma coisa deve haver - insistiu o irmão Howland - porque antes falávamos livremente um ao outro, mas agora você não me dirige mais a palavra, e eu quero saber o que há.
- Levante-se, irmão Howland - disse ele.
- Não - respondeu o irmão Howland - não quero.
- Então, me toca a mim ajoelhar-me - disse ele, caindo sobre os joelhos e confessando como fora infantil e a quantos maus pensamentos se havia entregue. - Agora - acrescentou - afastarei de mim tudo isso.
Ao contar o irmão Howland essa história, tinha o rosto iluminado pela glória do Senhor. Nem bem havia terminado o seu
relato, quando entraram o pescador e sua família, e tivemos uma reunião excelente.
Suponhamos que alguns de nós seguissem o procedimento adotado pelo irmão Howland. Se, quando os nossos irmãos suspeitam mal, fôssemos ter com eles, dizendo: "Perdoe-me se alguma coisa fiz para ofendê-lo", poderíamos quebrar o feitiço de Satanás e libertar os irmãos de suas tentações. Não permitais que coisa alguma se interponha entre vós e vossos irmãos. Se alguma coisa há que podeis fazer, embora com sacrifício, para remover as suspeitas, fazei-a. Deus quer que uns aos outros nos amemos como irmãos. Quer que sejamos compassivos e amáveis. Quer que nos habituemos a crer que nossos irmãos nos amam e que Jesus nos ama. O amor engendra amor.
Cultivar o Amor de Cristo
Esperamos nós encontrar nossos irmãos no Céu? Se podemos com eles aqui viver em paz e harmonia, poderemos, então, com eles viver lá. Mas como poderemos com eles viver no Céu, se aqui não conseguirmos viver sem lutas nem contendas contínuas? Os que seguem procedimento que os separa dos irmãos, e produz discórdia e dissensão, precisam de conversão radical. É necessário que o nosso coração seja enternecido e subjugado pelo amor de Cristo. Devemos cultivar o amor por Ele demonstrado ao morrer por nós na cruz do Calvário. Devemos achegar-nos sempre mais ao Salvador. Devemos orar mais e aprender a exercer fé. Precisamos de mais benignidade, compaixão e cortesia. Passaremos por este mundo uma única vez. Não nos esforçaremos por estampar nas pessoas com quem convivemos o cunho do caráter de Cristo?
Nosso coração endurecido precisa ser quebrantado. Precisamos formar uma unidade perfeita e reconhecer que fomos resgatados pelo sangue de Jesus Cristo de Nazaré. Diga cada qual para si: "Ele deu a Sua vida por mim, e quer que, ao passar eu por este mundo, revele o amor que Ele manifestou ao entregar-Se por mim." Cristo levou sobre a cruz os nossos
pecados em Seu próprio corpo para que Deus seja justo e justificador de quem nEle crê. Há vida, vida eterna reservada para todos quantos se entregam a Cristo.
Eu quero ver o Rei em Sua formosura. Desejo ver-Lhe a beleza incomparável. Quero que também vós O contempleis. Cristo conduzirá os Seus remidos junto ao rio da vida e explicará tudo quanto lhes foi motivo de perplexidade neste mundo. Ser-lhes-ão desvendados os mistérios da graça. Onde a sua mente finita só discernia confusão e fracassos, verão eles a mais perfeita e bela harmonia.
Sirvamos a Deus de todas as nossas forças e de todo o nosso entendimento. Nossa inteligência aumentará à medida que dela fizermos uso. Nossa experiência religiosa fortalecer-se-á à medida que pusermos mais religiosidade na vida diária. Galgaremos, assim, degrau a degrau a escada que leva ao Céu, até, por fim, passarmos do último e mais alto degrau diretamente para o reino de Deus. Sejamos cristãos neste mundo. Alcançaremos, depois, a vida eterna no reino da glória.
A união existente entre os seguidores de Cristo constitui prova de que o Pai enviou o Seu Filho para salvar os pecadores. É uma testemunha do Seu poder; pois só o miraculoso poder de Deus pode harmonizar os temperamentos tão díspares dos seres humanos, e a todos inspirar o desejo de dizerem a verdade com amor.
As advertências e conselhos de Deus são claros e positivos. Ao lermos as Escrituras e vermos o poder para o bem que há na união, e o poder para o mal que produz a desunião, como poderemos deixar de receber no coração a Palavra de Deus? A suspeita e a desconfiança são como o fermento do mal. A união testifica do poder da verdade.