Primeiros Escritos

CAPÍTULO 20

Sonhos da Sra. White

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poder enganador do espiritismo. Tais pessoas devem fazer uma obra integral confessando os seus erros e abandonando-os para sempre.

Recomendo-vos, caro leitor, a Palavra de Deus como regra de vossa fé e prática. Por essa Palavra seremos julgados. Nela Deus prometeu dar visões nos "últimos dias"; não para uma nova regra de fé, mas para conforto do Seu povo e para corrigir os que se desviam da verdade bíblica. Assim tratou Deus com Pedro, quando estava para enviá-lo a pregar aos gentios. Atos 10.

Àqueles que puderem fazer circular esta pequena obra, eu diria que ela se destina apenas aos sinceros e não aos que ridicularizariam as coisas do Espírito de Deus.

Os Sonhos da Sra. White

Sonhei que via um templo em que muitas pessoas se estavam reunindo. Apenas os que se refugiassem naquele templo seriam salvos quando terminasse o tempo; todos os que ficassem fora estariam para sempre perdidos. A multidão que se achava fora e que prosseguia com seus vários interesses, caçoava e ridicularizava os que estavam entrando no templo, e dizia-lhes que esse meio de segurança era um sagaz engano e que, de fato, não havia perigo algum para se evitar. Chegaram a lançar mãos de alguns para impedir-lhes a entrada.

Receosa de ser escarnecida, achei melhor esperar até que a multidão se dispersasse ou até que eu pudesse entrar sem ser observada por eles. Mas o número aumentava em vez de diminuir, e, receando ficar muito atrasada, saí apressadamente de casa e atravessei a multidão. Na minha ansiedade por atingir o templo


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não notava a multidão que me cercava nem com ela me ocupava. Entrando no edifício, vi que o vasto templo era apoiado por uma imensa coluna, e a esta se achava amarrado um cordeiro todo ferido e ensangüentado. Nós que nos achávamos presentes parecíamos saber que esse cordeiro fora lacerado e ferido por nossa causa. Todos os que entravam no templo deveriam ir diante dele e confessar seus pecados.

Exatamente diante do cordeiro estavam assentos elevados, sobre os quais sentava-se um grupo de pessoas que pareciam muito felizes. A luz celeste parecia resplandecer-lhes no rosto, e louvavam a Deus e entoavam alegres cânticos de ação de graças que se assemelhavam à música dos anjos. Esses eram os que se haviam colocado diante do Cordeiro, confessado seus pecados, recebido perdão, e agora, em alegre expectativa, aguardavam algum acontecimento feliz.

Mesmo depois que entrei no edifício, sobreveio-me um receio, e uma sensação de vergonha de que eu devesse humilhar-me diante daquele povo; mas eu parecia ser compelida a ir para a frente, e vagarosamente caminhei em redor da coluna a fim de defrontar-me com o cordeiro, quando uma trombeta soou, o templo foi abalado, brados de triunfo se levantaram dos santos reunidos, e um intenso brilho iluminou o edifício: então tudo passou a ser trevas intensas. Toda aquela gente feliz desaparecera com o brilho, e fui deixada só no silencioso terror da noite.

Despertei em agonia de espírito, e dificilmente pude convencer-me de que estivera a sonhar. Parecia-me que minha sorte estava fixada; que o espírito do Senhor me havia abandonado para não mais voltar.

Logo depois disto tive outro sonho. Parecia-me estar sentada em desespero aterrador, com as mãos no rosto, refletindo assim: Se Jesus estivesse na Terra, eu iria a Ele, lançar-me-ia a Seus


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pés, e contar-Lhe-ia todos os meus sofrimentos. Ele não Se desviaria de mim; teria de mim misericórdia, e eu O amaria e serviria sempre. Exatamente nesse momento se abriu a porta, e entrou uma pessoa de belo porte e semblante. Olhou para mim compassivamente e disse: "Desejas ver a Jesus? Ele aqui está, e podes vê-Lo se o desejas. Toma tudo que possuis e segue-me."

Ouvi isso com indizível alegria, e contentemente ajuntei todas as minhas pequenas posses, e toda ninharia que como tesouro eu guardava, e segui a meu guia. Ele me conduziu a uma escada íngreme e aparentemente frágil. Começando a subir os degraus, aconselhou-me a conservar o olhar fixo para cima a fim de que não me atordoasse e caísse. Muitos outros que estavam fazendo essa íngreme ascensão caíam antes de galgar o cimo.

Finalmente atingimos o último degrau e paramos diante de uma porta. Ali meu guia me informou que eu devia deixar todas as coisas que trouxera. Alegremente as depus. Então ele abriu a porta e mandou-me entrar. Em um instante me achei diante de Jesus. Não havia errar quanto àquele belo semblante; aquela expressão de benevolência e majestade não poderia pertencer a nenhum outro. Quando Seu olhar pousou sobre mim, vi logo que Ele estava familiarizado com todos os acontecimentos de minha vida e todos os meus íntimos pensamentos e sentimentos.

Procurei furtar-me ao Seu olhar, sentindo-me incapaz de suportá-lo por ser tão penetrante; Ele, porém, Se aproximou com um sorriso, e, pondo a mão sobre minha cabeça, disse: "Não temas." O som de Sua doce voz agitou-me o coração com uma felicidade que nunca antes experimentara. Eu estava alegre demais para poder proferir uma palavra, e, vencida pela emoção, caí prostrada a Seus pés. Enquanto ali jazia inerte, cenas de beleza e glória passaram diante de mim, e parecia-me ter alcançado a segurança e paz do Céu. Finalmente recuperei as forças, e

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