Primeiros Escritos

CAPÍTULO 38

O Ministério de Cristo

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como seu o reino da Terra, e insinuou a Jesus que todos os Seus sofrimentos poderiam ser evitados; que não necessitava morrer para obter os reinos deste mundo; se o adorasse poderia ter todas as possessões da Terra, e a glória de reinar sobre elas. Jesus, porém, permaneceu firme. Sabia que deveria vir o tempo em que Ele, pela Sua própria vida, resgataria de Satanás o reino, e que, depois de algum tempo, tudo no Céu e na Terra se Lhe submeteria. Preferiu Sua vida de sofrimento e Sua terrível morte, como o caminho indicado pelo Pai a fim de tornar-Se o legítimo herdeiro dos reinos da Terra, e tê-los entregues em Suas mãos como uma posse eterna. Satanás também será entregue em Suas mãos para ser destruído pela morte, para nunca mais molestar a Jesus ou aos santos na glória.

O Ministério de Cristo

Depois que Satanás terminara suas tentações, afastara-se de Jesus por algum tempo, e os anjos Lhe prepararam alimento no deserto e O fortaleceram; e a bênção de Seu Pai repousou sobre Ele. Satanás fracassara em suas mais atrozes tentações, contudo aguardava o período do ministério de Jesus, em que deveria em diferentes ocasiões experimentar sua astúcia contra Ele. Esperava também prevalecer contra Ele, estimulando aqueles que não receberiam a Jesus a odiá-Lo e procurar destruí-Lo. Satanás realizou um conselho especial com os seus anjos. Estavam desapontados e enraivecidos de que em nada tivessem prevalecido contra o Filho de Deus. Resolveram ser mais astuciosos, e empregar o seu poder ao máximo a fim de inspirar incredulidade no espírito dos de Sua própria nação quanto a ser Ele o Salvador do mundo, e desta maneira desanimar a Jesus em Sua missão. Por mais exatos que pudessem ser os judeus em suas cerimônias e sacrifícios,


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se fossem conservados com os olhos fechados quanto às profecias, e levados a crer que o Messias deveria aparecer como um poderoso rei mundano, poderiam eles ser conduzidos a desprezar e rejeitar a Jesus.

Foi-me mostrado que Satanás e seus anjos estiveram muito ocupados durante o ministério de Cristo, inspirando aos homens incredulidade, ódio e escárnio. Muitas vezes, quando Jesus proferia alguma verdade incisiva, reprovando seus pecados, o povo se tornava enraivecido. Satanás e seus anjos compeliam-nos a tirarem a vida do Filho de Deus. Mais de uma vez apanharam pedras para atirar-Lhe, porém anjos celestiais O guardaram e O afastaram da multidão irada para um lugar de segurança. Outra vez, quando as claras verdades caíam de Seus santos lábios, a multidão lançou mão dEle e O levou ao cimo de uma colina, com o intuito de O lançar abaixo. Surgiu entre eles uma contenda quanto ao que deveriam fazer com Ele, quando de novo os anjos O ocultaram às vistas da multidão, e Jesus, passando pelo meio, retirou-Se.

Satanás ainda esperava que o grande plano da salvação fracassasse. Exerceu todo o seu poder para endurecer o coração do povo e tornar hostis os seus sentimentos contra Jesus. Esperava que tão poucos O recebessem como o Filho de Deus, que Ele consideraria Seus sofrimentos e sacrifício demasiado grandes para serem feitos em prol de um grupo tão pequeno. Mas, se tivesse havido apenas duas pessoas que aceitassem a Jesus como o Filho de Deus, e nEle cressem para a salvação de suas almas, Ele teria levado a efeito o plano.

Jesus iniciou a Sua obra quebrando o poder de Satanás sobre os que sofriam. Restabeleceu os doentes à saúde, deu vista aos cegos e curou os coxos, fazendo-os saltar de alegria e glorificar a Deus. Restabeleceu à saúde os que tinham sido enfermos, e por muitos anos presos pelo poder cruel de Satanás. Com palavras


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cheias de graça consolava os fracos, os receosos, os desanimados. Aos fracos e sofredores, a quem Satanás retinha com triunfo, Jesus arrancou de suas garras, dando-lhes vigor de corpo e grande alegria e felicidade. Ressuscitou os mortos e estes glorificaram a Deus pela poderosa manifestação de Seu poder. De maneira poderosa operou por todos os que nEle criam.

A vida de Cristo estava repleta de palavras e atos de benevolência, simpatia e amor. Ele estava sempre atento para escutar e aliviar as misérias daqueles que a Ele vinham. Em seus corpos restaurados à saúde, multidões levavam a prova de Seu poder divino. Contudo, depois que a obra fora cumprida, muitos se envergonhavam do humilde mas poderoso Ensinador. Porque os príncipes não cressem em Jesus, o povo não estava disposto a aceitá-Lo. Ele foi um homem de dores e familiarizado com trabalhos. Não podiam suportar o serem governados por Sua vida sóbria, abnegada. Desejavam desfrutar da honra que o mundo confere. Todavia, muitos seguiam o Filho de Deus e escutavam as Suas instruções, banqueteando-se com as palavras que tão graciosamente caíam de Seus lábios. Suas palavras eram repletas de significação, e contudo, tão claras que os mais ignorantes as poderiam compreender.

Satanás e seus anjos cegaram os olhos e obscureceram o entendimento dos judeus, e instigaram os principais do povo e os governadores para tirarem a vida do Salvador. Enviaram-se oficiais a fim de lhes levarem a Jesus; ao chegarem, porém, perto de onde Ele Se achava, ficaram grandemente estupefatos. Viram-nO cheio de simpatia e compaixão, ao testemunhar Ele as desgraças humanas. Ouviram-nO falar com amor e ternura aos fracos e aflitos, animando-os. Ouviram-nO também, com voz de autoridade, repreender o poder de Satanás, e libertar seus cativos. Ouviram as palavras de sabedoria que caíam de Seus lábios, e


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deixaram-se cativar por elas; não puderam lançar mão dEle. Voltaram aos sacerdotes e anciãos sem Jesus. Quando interrogados: "Por que não O trouxestes?" relataram o que haviam testemunhado de Seus milagres, e as santas palavras de sabedoria, amor e conhecimento que tinham ouvido, e disseram: "Jamais alguém falou como este Homem." João 7:45 e 46. Os principais dos sacerdotes os acusaram de ser também enganados e alguns dos oficiais ficaram envergonhados de não O haverem prendido. Os sacerdotes inquiriram, de maneira escarnecedora, se alguns dos príncipes haviam crido nEle. Muitos dos juízes e anciãos creram em Jesus; mas Satanás os impediu de o confessá-lo; temiam o opróbrio do povo mais do que a Deus.

Até aí a astúcia e ódio de Satanás não tinham destruído o plano da salvação. O tempo para o cumprimento do objetivo pelo qual Jesus veio ao mundo estava se aproximando. Satanás e seus anjos consultaram-se, e decidiram inspirar a própria nação de Cristo a clamar avidamente por Seu sangue, cumulando sobre Ele crueldade e escárnio. Esperavam que Jesus Se ressentisse de tal tratamento, e deixasse de manter Sua humildade e mansidão.

Enquanto Satanás formulava seus planos, Jesus revelava cuidadosamente a Seus discípulos os sofrimentos pelos quais deveria passar, a saber, que Ele seria crucificado, e que ressuscitaria no terceiro dia. Mas seu entendimento parecia embotado, e não podiam compreender o que Ele lhes dizia.

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