Poucas semanas atrás, enquanto assistia a uma reunião campal em São José [1905], alguns de nossos irmãos me apresentaram o que consideravam maravilhosas oportunidades para investir meios em ações de mineração e estrada de ferro, que dariam grandes dividendos. Pareciam confiantes no êxito, e falaram no bem que fariam com os lucros que esperavam receber.
Havia outras pessoas presentes, e pareciam interessadas em ver como eu lhes receberia a proposta. Disse-lhes que tais investimentos eram muito incertos. Nenhuma certeza podiam eles ter de que esses empreendimentos teriam êxito. Falei-lhes da eterna recompensa assegurada aos que põem o seu tesouro no Céu; mas quanto a essas incertas aventuras, roguei-lhes, por amor de Cristo, que parassem justamente onde estavam.
À noite, fui instruída a dizer ao povo de Deus que não é de acordo com Sua vontade que os que crêem na Sua breve volta empreguem seus meios em ações de minas. Isso seria sepultar na terra os talentos de nosso Senhor. Lerei uma cópia de uma carta que escrevi a um dos irmãos que mencionei:
São José, Califórnia, 2 de julho de 1905
Prezado Irmão:
Mostrastes-me uma proposta para fazer investimento em ações de mineração. Estais confiante em que tal investimento se demonstraria um sucesso, e pensais que, dessa maneira, sereis capaz de ajudar grandemente a causa de Deus.
Instruiu-me o Senhor de que, em reuniões a que eu assistiria, encontraria homens incentivando nossos irmãos a empregarem seu dinheiro para operar minas. Foi-me ordenado que dissesse ser isso uma cilada do inimigo para consumir ou reter meios grandemente necessários ao avanço da obra de Deus. É uma cilada dos últimos dias, para envolver o povo de Deus na perda do capital do Senhor que lhe foi confiado, e que deveria ser sabiamente usado na obra de ganhar almas. Visto tanto dinheiro ser empregado nesses empreendimentos tão incertos, a obra de Deus é tristemente invalidada por falta de talento que ganhe almas para Cristo. ...
Numa visão, a noite passada, levantava eu minha voz advertindo contra as especulações mundanas. Eu disse: Convido-os a adquirir ações da maior mina que já foi posta em operação.
"O reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem e compra aquele campo." Mat. 13:44. ...
Se fizerdes investimento nas ações da mina de Deus, o lucro será certo. Diz Ele: "Ouvi-Me atentamente e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura." Isa. 55:2. ...
"Outrossim, o reino dos Céus é semelhante ao homem negociante que busca boas pérolas; e, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha e comprou-a." Mat. 13:45 e 46.
Meu irmão, fareis vós um investimento para garantir a posse da pérola celestial de grande preço? ... É essa uma ação de mineração, na qual podeis fazer investimento sem correr o risco de ficar desapontados. Mas, meu prezado amigo, nós não temos um dólar sequer do dinheiro do Senhor para empregar em empresas de mineração, neste mundo.
Estou muitíssimo triste por alguns de nosso povo terem cometido o erro de enterrar o capital que Deus lhes deu em ações de minas, pensando, por esse modo, em aumentar suas rendas. Pode a perspectiva parecer alvissareira, mas muitos ficarão tristemente desapontados.
Recordo o caso de um irmão que, uma vez, esteve interessado na obra e na causa de Deus. Faz alguns anos, quando eu estava na Austrália, esse irmão me escreveu dizendo que comprara uma mina, da qual esperava grandes lucros. Disse-me que me daria uma parte do que iria receber. Ocasionalmente me escrevia, dizendo: "Agora as perspectivas são boas. Logo receberemos os lucros." Mas os lucros não se materializaram; e, depois de enterrar muitos milhares de dólares, sua aventura se demonstrou um completo fracasso.
Este é um dos muitos casos semelhantes que me têm chamado a atenção. Muitos me têm demonstrado sua tristeza por já haverem incentivado alguém a empregar seus recursos em ações de minas. Caso haja, aqui, alguém que recebeu dinheiro de um irmão ou irmã para um tal investimento, é seu dever devolvê-lo, se quem o deu assim o desejar.
Aconselho-vos a serdes cuidadosos quanto ao que fazeis com os bens de vosso Senhor. Colocando-os no tesouro de Deus, podereis assegurar para vós mesmos rendimentos dos inesgotáveis tesouros de Seu reino.
Muito facilmente o povo de Deus se satisfaz com meras verdades superficiais. Diligentemente devemos procurar as verdades profundas, eternas e de grande alcance da Palavra de Deus. Havendo-as achado, alegremente devemos vender tudo, para podermos comprar o campo. Special Testimonies, Série B, nº 17, págs. 8-13.