Obreiros Evangélicos

CAPÍTULO 1

Da Parte de Cristo

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I. Chamados com uma Santa Vocação

"Vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos chamarão ministros de nosso Deus." Isa. 61:6.

Da Parte de Cristo

Em todos os períodos da história terrestre, Deus tem tido Seus homens da oportunidade, aos quais disse: "Vós sois as Minhas testemunhas." Isa. 43:10. Tem havido em todos os séculos, homens devotos, que reuniram os raios de luz à medida que estes luziam em seu caminho, e que falavam ao povo as palavras de Deus. Enoque, Noé, Moisés, Daniel, e a longa lista de patriarcas e profetas - foram ministros da justiça. Não eram infalíveis; eram homens fracos, sujeitos a errar; mas Deus operou por seu intermédio ao entregarem-se eles para o Seu serviço.

Desde Sua ascensão, Cristo, a grande Cabeça da igreja, tem levado avante Sua obra no mundo mediante embaixadores escolhidos, por meio dos quais fala aos filhos dos homens, e atende-lhes às necessidades. A posição dos que foram chamados por Deus para trabalhar por palavra e doutrina em favor do levantamento de Sua igreja, é de extrema responsabilidade. Cumpre-lhes rogar, a homens e mulheres, da parte de Cristo, que se reconciliem com Deus; e eles só podem cumprir sua missão ao receberem sabedoria e poder de cima.

Os ministros de Deus são simbolizados pelas sete estrelas que Aquele que é o primeiro e o último tem sob Seu especial cuidado e proteção. As suaves influências que


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devem ser freqüentes na igreja, acham-se ligadas a esses ministros de Deus, aos quais cabe representar o amor de Cristo. As estrelas do céu acham-se sob a direção de Deus. Ele as enche de luz. Guia e dirige-lhes os movimentos. Se o não fizesse, essas estrelas viriam a ser estrelas caídas. O mesmo quanto a Seus ministros. Eles não são senão instrumentos em Suas mãos, e todo o bem que realizam é feito mediante o Seu poder.

É para a honra de Cristo que Ele torna Seus ministros, mediante a operação de Seu Espírito, uma bênção maior para a igreja, do que o são as estrelas para o mundo. O Salvador tem de ser a eficiência deles. Se olham para Ele como Ele o fazia para Seu Pai, hão de fazer Suas obras. Ao dependerem de Deus, Ele lhes dará Sua luz para que a reflitam para o mundo.

Vigias Espirituais

Os ministros de Cristo são os guardas espirituais do povo confiado ao seu cuidado. Sua obra tem sido comparada a dos vigias. Nos tempos antigos colocavam-se muitas vezes sentinelas nos muros das cidades, onde, de posições vantajosas, podiam observar importantes pontos a ser guardados, e dar aviso da aproximação do inimigo. De sua fidelidade dependia a segurança de todos os que se achavam dentro dessas cidades. A determinados intervalos cumpria-lhes chamarem-se uns aos outros, a fim de se certificarem de que todos estavam despertos, e de que nenhum mal sucedera a qualquer deles. O grito de animação ou de advertência era passado de um para outro, todos repetindo o chamado até que este houvesse rodeado a cidade.

O Senhor declara a todos os ministros: "A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da Minha boca e lha anunciarás da Minha parte. Se Eu disser ao ímpio: Ó


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ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para desviar o ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniqüidade, mas o seu sangue Eu o demandarei da tua mão. Mas, quando tu tiveres falado para desviar o ímpio do seu caminho, ... tu livraste a tua alma." Ezeq. 33:7-9.

Estas palavras do profeta declaram a solene responsabilidade que repousa sobre os que são designados como vigias da igreja, mordomos dos mistérios de Deus. Eles devem ocupar a posição de sentinelas nos muros de Sião, para fazer soar o alarme à aproximação do inimigo. Se, por qualquer razão, seus sentidos espirituais ficam tão entorpecidos que são incapazes de discernir o perigo, e devido à sua falta em não dar a advertência o povo perece, Deus requererá de suas mãos o sangue dos que se perdem.

Têm os sentinelas sobre os muros de Sião o privilégio de viver tão perto de Deus, e ser tão susceptíveis às impressões de Seu Espírito, que Ele possa operar por meio deles, para avisar os pecadores do perigo que correm, indicando-lhes o lugar de segurança. Escolhidos por Deus, selados com o sangue da consagração, eles devem salvar homens e mulheres da destruição iminente. Cumpre-lhes advertir fielmente seus semelhantes do infalível resultado da transgressão, bem como fielmente salvaguardar os interesses da igreja. Em tempo algum podem eles afrouxar a vigilância. Sua obra requer o exercício de todas as faculdades de seu ser. Sua voz se deve erguer qual sonido de trombeta, nunca fazendo soar uma nota vacilante e incerta. Eles não devem trabalhar por causa do salário, mas por não poderem fazer de outra maneira, visto compreenderem que há um ai sobre eles se deixarem de pregar o evangelho.


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Fidelidade no Serviço

O pastor, como coobreiro de Cristo, terá profundo sentimento da santidade de sua obra, e da lida e sacrifício exigidos para realizá-la com êxito. Não considera sua própria comodidade nem conveniência. É esquecido de si mesmo. Em sua procura da ovelha perdida, não pensa em que está cansado, com frio e fome. Tem em vista um só objetivo - a salvação da perdida.

Aquele que serve sob a ensangüentada bandeira de Emanuel, tem de fazer muitas vezes coisas que requerem esforço heróico e paciente perseverança. Mas o soldado da cruz permanece sem recuos na frente da batalha. Ao ativar o inimigo o ataque contra ele, volve à Fortaleza em busca de socorro; e ao apresentar ao Senhor as promessas de Sua Palavra, é fortalecido para os deveres do momento. Ele compreende sua necessidade de forças de cima. As vitórias que alcança, não o levam a exaltar-se, mas induzem-no a apoiar-se cada vez mais firmemente nAquele que é poderoso. Confiando nesse poder, é habilitado a apresentar a mensagem de salvação tão eficazmente, que tange nos outros espíritos uma corda correspondente.

O Senhor manda que Seus ministros apresentem a palavra da vida; que preguem, não "filosofias e vãs sutilezas" (Col. 2:8), nem a "falsamente chamada ciência" (I Tim. 6:20), mas o evangelho, "o poder de Deus para salvação". Rom. 1:16. "Conjuro-te, pois," escreveu Paulo a Timóteo, "diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na Sua vinda e no Seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não sofrerão


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a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério." II Tim. 4:1-5. Nessa incumbência, cada pastor tem um esboço de sua obra - uma obra que ele só pode fazer mediante o cumprimento da promessa de Jesus aos discípulos: "Eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos." Mat. 28:20.

Os ministros do evangelho, mensageiros de Deus a seus semelhantes, nunca devem perder de vista sua missão e responsabilidades. Se perdem sua ligação com o Céu, estão em maior perigo do que os outros, e podem exercer maior influência para o mal. Satanás os espreita continuamente, esperando que se desenvolva qualquer fraqueza mediante a qual possa atacá-los com êxito. E como triunfa quando é bem-sucedido! pois um embaixador de Cristo, inadvertido, permite ao grande adversário apoderar-se de muitas almas.

O verdadeiro pastor não fará coisa alguma que venha a amesquinhar seu sagrado ofício. Será ponderado em seu comportamento, e prudente em toda a sua maneira de agir. Trabalhará como Cristo trabalhava; procederá como procedeu Cristo. Empregará todas as suas faculdades em levar as boas novas da salvação aos que as não conhecem. Uma fome intensa da justiça de Cristo lhe encherá o coração. Sentindo sua necessidade, buscará fervorosamente o poder que lhe tem de sobrevir para que possa apresentar de maneira simples, verdadeira e humilde a verdade tal como é em Jesus.


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Exemplos de Firmeza Humana

Os servos de Deus não recebem honra do mundo nem são reconhecidos por ele. Estêvão foi apedrejado por pregar a Cristo, e Este crucificado. Paulo foi aprisionado, espancado, apedrejado, e afinal condenado à morte por ser fiel mensageiro de Deus aos gentios. O apóstolo João foi banido para a Ilha de Patmos, "por causa da palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo". Apoc. 1:9. Esses exemplos de firmeza humana na força do poder divino, são para o mundo um testemunho da fidelidade das promessas de Deus, de Sua permanente presença e mantenedora graça.

Nenhuma esperança de gloriosa imortalidade ilumina o futuro dos inimigos de Deus. O grande general conquista nações, abate os exércitos de metade do mundo; morre, entretanto, decepcionado e no exílio. O filósofo que percorre com o pensamento o Universo, seguindo por toda parte as manifestações do poder de Deus e deleitando-se em sua harmonia, deixa muitas vezes de contemplar nessas maravilhas a Mão que as formou a todas. "O homem que está em honra, e não tem entendimento, é semelhante aos animais, que perecem." Sal. 49:20. Mas os heróis da fé de Deus são herdeiros de uma herança de maior valor do que qualquer riqueza terrestre - uma herança que satisfará os anelos da alma. Podem ser desconhecidos e não reconhecidos pelo mundo, mas nos registros do Céu eles se acham inscritos como cidadãos celestiais, e possuirão exaltada grandeza, peso eterno de glória.

A maior obra, o mais nobre esforço em que se possam homens empenhar, é encaminhar pecadores ao Cordeiro de Deus. Ministros fiéis são colaboradores do Senhor na realização de Seus desígnios. Deus lhes diz: Ide,


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ensinai e pregai a Cristo. Instruí e educai a todos os que não Lhe conhecem a graça, a bondade e a misericórdia. Ensinai ao povo. "Como, pois, invocarão Aquele em quem não creram? E como crerão nAquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?" Rom. 10:14.

"Quão suaves são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina! Clamai cantando, exultai juntamente, desertos de Jerusalém! Porque o Senhor consolou o Seu povo, remiu a Jerusalém. O Senhor desnudou o Seu santo braço perante os olhos de todas as nações; e todos os confins da Terra verão a salvação do nosso Deus." Isa. 52:7, 9 e 10.

Obreiros de Cristo nunca devem pensar, muito menos falar em fracasso em sua obra. O Senhor Jesus é nossa eficiência em todas as coisas; Seu Espírito tem de ser nossa inspiração; e ao nos colocarmos em Suas mãos, para ser veículos de luz, nossos meios de fazer bem nunca se esgotarão. Poderemos sorver de Sua plenitude, e receber daquela graça que desconhece limites.

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