Vida e Ensinos

Apêndice - O Dom de Profecia

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Apêndices

O Dom de Profecia

No princípio, quando o homem foi criado e posto no jardim do Éden, podia falar face a face com seu Criador e com os anjos. Com a entrada do pecado, esse privilégio lhe foi retirado. O homem ficou sujeito à morte, e incapaz de olhar para a maravilhosa glória de Deus ou viver em Sua presença.

Mas, conquanto o homem decaído não mais pudesse falar diretamente com Deus, nosso amante Pai celestial sempre tem mantido comunicação com a família humana. Mediante o ministério dos santos anjos, Ele proveu para os homens e mulheres proteção contra as influências do mal, e auxílio para viverem de acordo com Sua vontade. E, por meio do poder de Seu Espírito Santo, Deus tem falado ao coração dos homens, e possibilitado, mesmo ao mais pecador e ignorante, achar o caminho que conduz à maneira exata de agir e à vida eterna.

Deus tem também falado à raça decaída por meio de escolhidos instrumentos humanos, a quem, mediante visões e sonhos, comunicou o conhecimento de Seu propósito. Esses mensageiros de Sua vontade têm sido conhecidos como homens santos, ou profetas, separados pelo próprio Senhor para a obra especial de receber e comunicar à humanidade a verdade do Céu. "Se entre vós houver profeta", declara Deus, "Eu, o Senhor, em visão a Ele Me farei conhecer, ou em sonhos falarei com Ele." Núm. 12:6.

A Escritura Sagrada é uma compilação dos escritos de homens singularmente honrados por Deus. Ao povo que vivia em


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seu tempo esses homens transmitiram mensagens divinas; ensinaram verdades espirituais e deram conselhos e advertências à Igreja para tempos futuros. Aos profetas "foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, ...vos pregaram o evangelho". I Ped. 1:12.

Na Era Patriarcal

O dom de profecia não se limita a certa época. Encontram-se, no relato inspirado, exemplos de sua manifestação desde os tempos primitivos. Enoque, o sétimo depois de Adão, foi profeta. Olhando através dos séculos, viu em visão profética a vinda do Senhor e a execução do juízo final sobre os ímpios. Jud. 14 e 15. O Senhor apareceu em visão a Abraão, Isaque e Jacó, predizendo as bênçãos que concederia à sua posteridade. Com eles renovou Seu concerto, fazendo-lhes ver de antemão a recompensa final dos justos, e contemplar as glórias da cidade celestial, cujo Construtor e Artífice é Deus. Heb. 11:10.

Moisés, escolhido por Deus para guiar os israelitas, do cativeiro do Egito à terra de Canaã, foi um poderoso profeta. Predizendo a vinda do Messias, disse: "O Senhor teu Deus te despertará um Profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a Ele ouvireis." Deut. 18:15. Deus deu muitas revelações a este homem fiel; e, conquanto a glória divina não lhe fosse inteiramente revelada, a Palavra declara que Deus falava com ele "cara a cara". Deut. 34:10.

Depois de os filhos de Israel se estabelecerem em Canaã, a influência dos idólatras, de que se achavam cercados, desviou-os


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do verdadeiro Deus para a adoração do Sol, da Lua, das estrelas, bem como para o culto das imagens de escultura, feitas de ouro, prata, madeira e pedra. Assim transgrediram os mandamentos do Céu que haviam sido dados para seu próprio bem. O amante coração de Deus sofreu ao ver a nação escolhida transviada de seu Criador e Benfeitor, e seguindo procedimento que a levaria à ruína.

Por entre a apostasia geral, alguns havia que mantinham aliança com Jeová; e dentre estes Deus escolhia profetas a quem comissionava para exortar o povo ao arrependimento e advertir dos males que seu proceder certamente lhes acarretaria. "O Senhor, Deus de seus pais, lhes enviou a Sua palavra pelos Seus mensageiros, madrugando e enviando-lhos; porque Se compadeceu do Seu povo e da Sua habitação." II Crôn. 36:15.

Entre os profetas de Israel, salientaram-se Samuel, Elias, Eliseu, Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Com palavras veementes exortavam o povo a que se apartassem de seus maus caminhos, assegurando-lhe que o Senhor os receberia com indulgência e abençoaria, e os curaria de seu estado transviado. Alguns dos escritos desses profetas têm aplicação especial para o tempo em que vivemos. Escreveram de coisas que deveriam acontecer "nos últimos dias" (Isa. 2:2), ou no "tempo do fim". Dan. 12:4.

No Primeiro Advento de Cristo

O último dos profetas do Antigo Testamento foi Malaquias. Durante o período do formalismo que precedeu o aparecimento de Cristo, tanto quanto o indique qualquer relato existente, não houve manifestação do dom de profecia. Foram, porém, enviados profetas para preparar o caminho para o Messias.


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Zacarias, pai de João Batista, "foi cheio do Espírito Santo, e profetizou". Luc. 1:67. Simeão, homem "justo e temente a Deus", que "esperando a consolação de Israel", veio pelo Espírito ao templo e profetizou, de Jesus, que seria uma "luz para alumiar as nações, e para glória de Teu povo Israel". Ana, a profetisa, "falava dEle a todos os que esperavam a redenção em Jerusalém". Luc. 2:25, 32 e 38. E não houve em época alguma profeta maior do que João Batista, escolhido por Deus para proclamar a Israel o advento do "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". João 1:29.

Nos Dias dos Apóstolos

O princípio da era cristã foi assinalado pelo derramamento do Espírito Santo e pela manifestação dos vários dons espirituais; e entre eles estava o dom de profecia. No livro dos Atos lemos os discursos inspirados de Pedro e Estêvão, de outros cristãos da igreja primitiva, bem como das quatro filhas de Filipe, "donzelas, que profetizavam", e de um profeta chamado Ágabo. Atos 21:9.

O apóstolo Paulo teve visões da glória do Céu. II Cor. 12:1-7. No duodécimo capítulo de I Coríntios ele dedica extensa consideração aos dons do Espírito que foram outorgados, não para uma época somente, mas "até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo". Efés. 4:13. "A uns pôs Deus na Igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas." I Cor. 12:28.

João, o último sobrevivente dos doze apóstolos de Jesus,


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era profeta. No último livro da Bíblia, ele fala das visões que lhe foram dadas quando estava desterrado na ilha de Patmos. Registrando essas visões, declara serem elas "a revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos Seus servos as coisas que brevemente devem acontecer"; e diz que Cristo "as enviou, e as notificou à João Seu servo; o qual testificou da Palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo que tem visto". Apoc. 1:1 e 2.

Desaparecimento Durante a Grande Apostasia

As Escrituras predizem a grande apostasia, que mesmo nos dias dos apóstolos começara a manifestar-se entre certos falsos irmãos da igreja, e finalmente deveria culminar na manifestação do "homem do pecado, o filho da perdição", de quem Paulo escreveu aos Tessalonicenses. II Tess. 2:3.

Em cumprimento desta predição, contam-nos os relatos históricos que, seguindo-se à morte do último dos apóstolos de Jesus, alguns membros da igreja cristã começaram a afastar-se da singeleza da verdade ensinada por Cristo; e pouco a pouco foram levados a unir-se com o mundo nas práticas pagãs.

Passando-se os anos, e crescendo a igreja em número de adeptos e em popularidade, houve muitos que se tornaram cada vez menos estritos em sua obediência ao ensino da Bíblia, até que finalmente no quinto e sexto séculos depois de Cristo, a maior parte dos que professavam ser cristãos não viviam realmente em conformidade com os ensinos de Cristo. Durante muitos séculos, dali em diante, predominou um forma apóstata de cristianismo. A verdade foi suprimida e perdida de vista, e prevaleceu a ignorância.


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A esses séculos de apostasia chama a História "Idade Escura", durante a qual se fizeram tentativas para alterar ou rejeitar muitos dos ensinos fundamentais da Bíblia. Em tais circunstâncias, não é para surpreender que naquele tempo, assim como nos séculos que imediatamente precederam o primeiro advento de Cristo, a manifestação do dom de profecia houvesse quase totalmente desaparecido.

Restabelecimento nos Últimos Dias

As Escrituras, porém, ao mesmo tempo que predizem esta terrível apostasia, também ensinam explicitamente que, pouco antes da segunda vinda de Cristo, muitos serão libertos das trevas do erro e da superstição. Mais uma vez a Terra deve ser iluminada com a glória de Deus. As puras verdades da Bíblia devem resplandecer. E neste tempo de iluminação celeste, assinalando a aproximação do fim dos séculos, deverão novamente manifestar-se na verdadeira igreja os dons do Espírito. "E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do Meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos; e também do Meu Espírito derramarei sobre os Meus servos e Minhas servas naqueles dias, e profetizarão." Atos 2:17 e 18.

Em termos claros o profeta João fala dos remanescentes, ou da última igreja, como sendo os que "guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo". Apoc. 12:17. Noutro passo dá o mesmo escritor uma definição clara do que ele quer dizer com a expressão "testemunho de Jesus". Quando uma ocasião João pretendia adorar o anjo que lhe aparecera em visão, disse este:


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"Olha não faças tal; sou teu conservo e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus: adora a Deus." Apoc. 19:10.

Em idênticas circunstâncias o mesmo anjo disse, como se acha registrado noutro lugar:

"Olha não faças tal; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas." Apoc. 22:9.

O pensamento expresso é o mesmo em ambos estes passos. Num deles, entretanto, é dito que os "irmãos" de João têm "o testemunho de Jesus"; no outro esses irmãos são chamados "os profetas".

Portanto, são os profetas que têm o "testemunho de Jesus"; e o anjo que apareceu a João é evidentemente o mensageiro especial que traz instrução para todos os profetas - sem dúvida é o anjo Gabriel, que apareceu a Daniel. Dan. 8:16; 9:21. O mesmo anjo disse mais a João: "o testemunho de Jesus é o espírito de profecia". Apoc. 19:10.

Comparando a expressão bíblica do "testemunho de Jesus" com a declaração de Apocalipse 12:17, relativa ao "resto ... que guarda os mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus Cristo", concluímos que, antes da segunda vinda de Cristo, Sua verdadeira igreja guardará seus mandamentos e terá o Espírito de Profecia.

O rápido cumprimento das predições das Escrituras Sagradas relativas aos sinais e acontecimentos que deveriam caracterizar as cenas finais da história da Terra é uma prova evidente de que estamos vivendo agora nos últimos dias. Portanto, deve existir hoje um grupo de cristão que guardam os mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus Cristo - O Espírito de Profecia. Onde os encontramos?

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