Conselhos Sobre Educação

CAPÍTULO 22

O Espírito Santo em Nossas Escolas

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Cooranbong, N. S. W., 10 de maio de 1896.

Peço aos que estais vivendo no próprio coração da obra que recapituleis as experiências de anos e vejais se o "bem está" (Mat. 25:21) pode com justiça ser dito a vosso respeito. Convido os professores em nossas escolas a considerarem cuidadosamente e com oração: Tenho individualmente vigiado minha própria vida como quem está cooperando com Deus para a purificação de todos os seus pecados e de sua inteira santificação? Podeis por preceito e exemplo ensinar aos jovens santificação, por meio da verdade, para a santidade?

Não vos tendes arreceado do Espírito de Deus? Às vezes este Espírito tem vindo com a mais completa e penetrante influência à escola de Battle Creek e de outros lugares. Reconhecestes Sua presença? Atribuístes-Lhe a honra devida a um mensageiro celestial? Quando parecia estar o Espírito lutando com os jovens, dissestes: "Ponhamos de lado todo estudo, pois é evidente que temos entre nós um Hóspede celestial. Demos glória a Deus"? Com o coração contrito, inclinaste-vos em oração com vossos estudantes, suplicando o poder receber as bênçãos que o Senhor vos estava apresentando?

O Grande Mestre em Pessoa estava entre vós. Vós O haveis honrado? Era Ele um estranho para alguns dos educadores? Houve necessidade de mandar buscar alguém supostamente autorizado para saudar ou repelir este mensageiro do Céu? Embora invisível, Sua presença estava entre vós. Mas não foi expresso o pensamento de que na escola o tempo deve ser

O significado profundo das verdades da Palavra de Deus é-nos desvendado à mente por Seu Espírito. Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 236.


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dedicado ao estudo, e que para tudo havia o momento oportuno, como se as horas dedicadas ao estudo comum fossem demasiado preciosas para serem abandonadas em favor da operação do mensageiro celestial?

Se houverdes de algum modo restringido ou repelido o Espírito Santo, eu vos rogo a que vos arrependais tão depressa quanto possível. Se qualquer de nossos professores não abriu a porta do coração para o Espírito de Deus, mas tem-na fechado e trancado, eu lhe suplico que abra a porta e ore com fervor: "Fica comigo." Quando o Espírito Santo revela Sua presença em vossas salas de aula, dizei a vossos estudantes: "O Senhor indica que tem para nós hoje uma lição de origem celestial, de mais valor do que nossas lições de ordem comum. Ouçamos: curvemo-nos diante de Deus e busquemo-Lo de todo coração."

Permiti que vos fale do que sei sobre este Visitante celestial. O Espírito Santo pairava sobre os jovens durante as horas escolares; mas alguns corações eram tão frios e entenebrecidos que não tinham qualquer desejo da presença do Espírito, e a luz de Deus foi retirada. O celestial Visitante teria aberto todo entendimento, teria dado sabedoria e conhecimento em todos os aspectos do estudo que pudessem ser empregados para a glória de Deus. O Mensageiro do Senhor veio para convencer do pecado e abrandar os corações endurecidos pelo longo afastamento de Deus. Veio para revelar o grande amor que Deus dispensava àqueles jovens. Eles são a herança de Deus, e os educadores necessitam "a mais elevada educação" antes de estarem qualificados para ser professores e guias da juventude.

O professor pode saber muita coisa em relação ao Universo físico; ele pode saber tudo sobre a estrutura das coisas vivas, sobre as invenções da arte mecânica, as descobertas da ciência natural; mas não pode ser tido por instruído a menos que tenha o conhecimento do único Deus verdadeiro e de Jesus Cristo, a quem Ele enviou. Um princípio de origem divina


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precisa permear nossa conduta e vincular-nos a Deus. Isto não será de modo algum um empecilho ao estudo da Ciência verdadeira. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o homem que consente em ser moldado e talhado segundo a semelhança divina é o mais nobre exemplo da obra de Deus. Todos os que vivem em comunhão com nosso Criador terão a compreensão de Seu desígnio na criação deles, e compreenderão que Deus os faz responsáveis pelo emprego de suas faculdades para o melhor propósito. Eles procurarão nem glorificar e nem depreciar a si mesmos.

A Vontade de Deus

O conhecimento de Deus é obtido em Sua Palavra. O conhecimento experimental da verdadeira piedade, encontrado na consagração diária e no serviço, garantem-nos a mais elevada cultura do corpo, da mente e da alma. Esta consagração de todas as nossas faculdades a Deus previne a exaltação própria. A comunicação do poder divino credita nosso sincero esforço em busca da sabedoria que nos capacitará a usar nossas mais elevadas faculdades de modo que honrem a Deus e beneficiem nossos semelhantes. Sendo essas faculdades derivadas de Deus, e não de criação própria, serão apreciadas como talentos oriundos de Deus para serem empregados em Seu serviço.

As faculdades da mente confiadas pelo Céu devem ser tratadas como as mais elevadas, destinadas a reger o reino do corpo. O apetite natural e as paixões devem ser postos sob o controle da consciência e das faculdades espirituais.

A religião de Cristo jamais degrada o que a recebe; ela nunca o torna ríspido ou rude, descortês ou pretensioso, apaixonado ou duro de coração. Ao contrário, ela refina o gosto, santifica o discernimento, e purifica e enobrece os pensamentos, levando-os cativos a Cristo. O ideal de Deus para Seus filhos é mais alto do que o possa conceber o mais elevado pensamento humano. Em Sua santa lei Ele deu uma mostra do Seu caráter.


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Cristo é o maior Mestre que o mundo já conheceu. E qual é a norma que Ele coloca ante todos que nEle crêem? "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos Céus." Mat. 5:48. Como Deus é perfeito em Sua esfera, assim pode o homem ser perfeito na sua.

O ideal do caráter cristão é a semelhança com Cristo. Acha-se aberta diante de nós uma senda de progresso contínuo. Temos um objetivo a atingir, uma norma a alcançar, a qual inclui tudo que é bom, puro, nobre e elevado. Deve haver contínuo esforço e constante progresso para a frente e para o alto, rumo à perfeição do caráter.

Paulo diz: "Quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e essa é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." Filip. 3:13 e 14.

Esta é a vontade de Deus para com os seres humanos, sua própria santificação. Ao apressar nosso caminho para cima, rumo ao Céu, cada faculdade deve ser conservada na mais saudável condição, preparada para fiel serviço. As faculdades com que Deus dotou o homem devem ser ampliadas. "Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo." Luc. 10:27. O homem não tem possibilidade de fazer isto por si mesmo; ele precisa do auxílio divino. Que parte deve o instrumento humano desempenhar? "Operai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade." Filip. 2:12 e 13.

Sem a divina operação, o homem não poderia fazer bem algum. Deus convida todo homem a arrepender-se, embora este não possa nem mesmo se arrepender a menos que o Espírito Santo opere em seu coração. Mas o Senhor não deseja que homem algum espere até achar que se arrependeu antes de iniciar os passos em direção a Jesus. O Salvador está


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continuamente atraindo os homens para o arrependimento; tudo que eles precisam fazer é deixar-se atrair, e o seu coração se desmanchará em penitência.

Ao homem é permitido desempenhar uma parte nesta grande luta pela vida eterna; ele deve responder à operação do Espírito Santo. Será preciso travar uma batalha para penetrar as defesas das forças das trevas, e o Espírito opera na pessoa para realizar isto. Mas o homem não é um ser passivo, que deva ser salvo na indolência. Ele é chamado a exercitar e a pôr em ação cada músculo e cada uma de suas faculdades na luta pela imortalidade; todavia é Deus quem supre a eficiência. Nenhum ser humano pode ser salvo na indolência. O Senhor nos ordena: "Porfiai por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão." Luc. 13:24. "Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem." Mat. 7:13 e 14.

Trabalhando Contra o Espírito Santo

Apelo aos estudantes em nossas escolas a que sejam sóbrios. A frivolidade da juventude não é agradável a Deus. Seus esportes e jogos abrem a porta a um dilúvio de tentações. Em vossas faculdades intelectuais estais na posse de dotação celestial, e não deveis permitir que vossos pensamentos sejam baixos, rasteiros. O caráter formado segundo os preceitos da Palavra de Deus revelará princípios firmes, nobres e puras aspirações. Quando o Espírito Santo coopera com as faculdades da mente humana, altos e santos impulsos são o resultado certo. ...

Deus vê aquilo que os cegados olhos dos educadores não logram discernir, isto é, que imoralidade de toda espécie está procurando dominar, está trabalhando contra as manifestações do poder do Espírito Santo. Conversação banal e idéias vis e pervertidas são entretecidas na textura do caráter.


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Reuniões para desfrutar dos prazeres frívolos e mundanos, aglomerações para comer, beber e cantar, são inspirados por um espírito inferior. Representam uma oferta a Satanás. Exibições ousadas de bicicleta são ofensa a Deus. Sua ira está inflamada contra os que fazem tais coisas. Nessas satisfações pessoais a mente se torna tola, como ocorre com a embriaguez. A porta é aberta para associações vulgares. Os pensamentos, autorizados a correr por um canal de baixo nível, logo pervertem todas as faculdades do ser. Como o Israel do passado, os amantes dos prazeres comem e bebem, e se levantam para folgar. Há risos e bebedices, gritaria e farra. Em tudo isso os jovens seguem o exemplo dos autores dos livros postos em suas mãos para estudo. O maior de todos os males é o permanente efeito que essas coisas exercem sobre o caráter.

Os que têm a liderança nestas coisas acarretam sobre a causa uma mácula não facilmente extinguível. Eles ferem sua própria alma, e por toda a vida levarão a cicatriz. Os que fazem o mal podem ver os seus pecados e se arrependerem; Deus pode perdoar o transgressor; mas as faculdades de discernimento, que devem ser mantidas sempre agudas e sensíveis para distinguir entre o santo e o profano, são em grande parte destruídas. Muitas vezes os artifícios e a imaginação humanos são aceitos como divinos. Algumas almas agirão em cegueira e insensibilidade, prontas para apreender os sentimentos vis, comuns e até infiéis, ao mesmo tempo que se voltam contra as demonstrações do Espírito Santo.

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