Educação

CAPÍTULO 12

Outras Lições Objetivas

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"Quem é sábio observe estas coisas e considere atentamente as benignidades do Senhor." Sal. 107:43.

O poder restaurador de Deus encontra-se por toda a Natureza. Se uma árvore é cortada, se um ser humano se fere ou fratura um osso, imediatamente a Natureza começa a reparar o dano. Mesmo antes que exista a necessidade, os agentes de cura se encontram de prontidão; e logo que uma parte se acha ferida, toda a energia se aplica ao trabalho da restauração. Assim é no domínio das coisas espirituais. Antes que o pecado criasse a necessidade, Deus providenciara o remédio. Cada pessoa que cede à tentação, torna-se ferida, magoada pelo adversário; mas onde quer que haja pecado, há um Salvador. É a obra de Cristo "curar os quebrantados do coração, ... apregoar liberdade aos cativos, ... pôr em liberdade os oprimidos". Luc. 4:18 e 19.

Devemos cooperar nesta obra. "Se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, ... encaminhai o tal." Gál. 6:1. A palavra aqui traduzida "encaminhar" significa colocar no lugar, como se faz com um osso deslocado. Quão sugestiva é esta figura! Aquele que cai em erro ou pecado, coloca-se fora do lugar em relação a tudo que o cerca. Pode compenetrar-se de seu erro, e encher-se de remorso; mas não pode restabelecer-se a si mesmo. Está em confusão e perplexidade, vencido e desamparado. Deverá ser reclamado, curado e restabelecido. "Vós, que sois


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espirituais, encaminhai o tal." Gál. 6:1. Unicamente o amor que origina-se no coração de Cristo, pode curar. Unicamente Aquele, em quem flui esse amor, assim como faz a seiva na árvore e o sangue no corpo, poderá restaurar o coração ferido.

O poder do amor possui força maravilhosa, porquanto é divino. "A resposta branda desvia o furor" (Prov. 15:1), "o amor é paciente, é benigno" (I Cor. 13:4); "o amor cobre multidão de pecados" (I Ped. 4:8) - sim, se aprendêssemos nessas lições, quão grande não seria o poder para curar de que seríamos dotados! Como se transformaria a vida, e a Terra se tornaria a própria semelhança e antegozo do Céu!

Essas preciosas lições podem ser tão singelamente ensinadas que sejam compreendidas mesmo pelas criancinhas. O coração da criança é terno e facilmente impressionável; e, se nós, os que somos mais idosos nos tornamos "como crianças" (Mat. 18:3), e se aprendemos a simplicidade, mansidão e o terno amor do Salvador, não encontramos dificuldades em tocar o coração dos pequenos, e ensinar-lhes o restaurador ministério do amor.

A perfeição existe tanto nas menores como nas maiores obras de Deus. A mão que sustém os mundos no espaço, é a que modela as flores do campo. Examinai ao microscópio as menores e mais comuns das flores que ficam ao lado do caminho, e notai em todas as suas partes delicada beleza e perfeição. Da mesma maneira a verdadeira excelência pode ser encontrada na menor atividade. As tarefas mais comuns, exercidas com amorosa fidelidade, são belas à vista de Deus. Uma atenção conscienciosa para com as pequenas coisas fará de nós coobreiros Seus e conquistar-nos-á a aprovação dAquele que tudo vê e sabe.


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O arco-íris, estendendo pelo céu a sua luz, é um sinal do "concerto eterno entre Deus e toda alma vivente". Gên. 9:16. E o arco-íris, em redor do trono nos Céus, é também para os filhos de Deus um sinal de Seu concerto de paz.

Assim como o arco nas nuvens resulta da união da luz solar e da chuva, o arco acima do trono de Deus representa a união de Sua misericórdia e justiça. Deus diz ao pecador, mas arrependido: Vive; "já achei resgate". Jó 33:24.

"Jurei que as águas de Noé não inundariam mais a Terra; assim jurei que não Me irarei mais contra ti, nem te repreenderei. Porque as montanhas se desviarão e os outeiros tremerão; mas a Minha benignidade não se desviará de ti, e o concerto da Minha paz não mudará, diz o Senhor, que Se compadece de ti." Isa. 54:9 e 10.

A Mensagem das Estrelas

As estrelas também têm uma mensagem de bom ânimo para cada ser humano. Naquelas horas que sobrevêm a todos, nas quais desfalece o coração, e a tentação nos oprime rudemente; nas quais os obstáculos parecem insuperáveis, impossíveis de realização os objetivos da vida, e suas lisonjeiras promessas semelhantes às maçãs de Sodoma, onde, então, se poderá encontrar ânimo e firmeza como naquela lição que Deus nos ordena aprender das estrelas em seu curso imperturbável?

"Levantai ao alto os vossos olhos e vede quem criou estas coisas, quem produz por conta o seu exército, quem a todas chama pelo seu nome; por causa da grandeza das Suas forças e pela fortaleza do Seu poder, nenhuma faltará. Por que, pois, dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o


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meu juízo passa de largo pelo meu Deus? Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da Terra, nem Se cansa, nem Se fatiga? Não há esquadrinhação do Seu entendimento. Dá vigor ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor." Isa. 40:26-29. "Não temas, porque Eu sou contigo; não te assombres, porque Eu sou o teu Deus; Eu te esforço, e te ajudo, e te sustento com a destra da Minha justiça. ... Eu, o Senhor, teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te digo: Não temas, que Eu te ajudo." Isa. 41:10 e 13.

A palmeira, batida pelo sol causticante e pela terrível tempestade de areia, permanece verde, florescente e frutífera no meio do deserto. Suas raízes são alimentadas por fontes vivas. Sua verde coroa é avistada ao longe sobre a planície ressequida e desolada; e o viajante, pronto a morrer, força os passos vacilantes para a sombra fresca e a vivificante água.

A árvore do deserto é um símbolo daquilo que é intento de Deus seja neste mundo a vida de Seus filhos. Devem guiar às fontes vivas as pessoas sedentas, cheias de inquietação e prontas a perecer no deserto do pecado. Devem mostrar a seus semelhantes Aquele que faz o convite: "Se alguém tem sede, que venha a Mim e beba." João 7:37.

O vasto e profundo rio, que oferece caminho ao tráfego e viagens dos povos, é tido na conta de um benefício ao mundo inteiro; mas que dizer dos riachinhos que auxiliam a formar aquele nobre rio? Se não fossem eles, o rio desapareceria. A sua própria existência depende deles. Semelhantemente, homens há que, chamados a dirigir alguma grande obra, são honrados


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como se o êxito fosse devido a eles, tão-somente; mas esse êxito exigiu a fiel cooperação de quase inumeráveis obreiros mais humildes, obreiros de quem o mundo nada conhece. Trabalhos que não recebem louvores ou reconhecimento de outrem, são a sorte que toca à maior parte dos que incansavelmente trabalham no mundo. E muitos se enchem de descontentamento com tal sorte. Têm a impressão de que sua vida não é aproveitada. Mas o riachinho que segue silenciosamente através de bosques e prados, levando saúde, fertilidade e beleza, é tão útil em sua marcha como o grande rio. Contribuindo para a vida do rio, auxilia-o a conseguir aquilo que, só, jamais poderia ter conseguido.

Desta lição muitos necessitam. O talento é por demais idolatrado, e cobiçadas excessivamente as posições. Muitos há que nada fazem a menos que sejam reconhecidos como dirigentes; muitos são os que, não recebendo louvores, não têm interesse no trabalho. O que precisamos aprender é fidelidade em fazer o maior uso das faculdades e oportunidades que temos, e ter contentamento na parte que o Céu nos designou.

Lições de Confiança

"Pergunta agora às alimárias, e cada uma delas to ensinará; e às aves dos céus, e elas to farão saber; ... até os peixes do mar to contarão." Jó 12:7 e 8. "Vai ter com a formiga; ... olha para os seus caminhos." Prov. 6:6. "Olhai para as aves." Mat. 6:26. "Considerai os corvos." Luc. 12:24.

Não devemos meramente falar às crianças a respeito dessas criaturas de Deus. Os próprios animais devem ser seus professores. As formigas nos ensinam lições de paciente operosidade, perseverança em superar obstáculos, providência para o futuro. E os pássaros são ensinadores da suave lição da confiança. Nosso Pai


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celestial lhes provê alimento; mas devem eles recolhê-lo, construir o ninho e criar a prole. A cada instante se acham expostos a inimigos que procuram destruí-los. Entretanto, quão corajosamente prosseguem com seu trabalho! Quão repletos de alegria são os seus pequenos hinos!

Quão bela é a descrição que o salmista faz do cuidado de Deus pelas criaturas dos bosques:

"Os altos montes são um refúgio para as cabras monteses,

E as rochas, para os coelhos." Sal. 104:18.

Ele envia as fontes a correrem por entre as colinas, onde os pássaros têm sua habitação, "cantando entre os ramos". Sal. 104:12. Todas as criaturas dos bosques e colinas fazem parte de Sua grande família. Abre Sua mão e satisfaz "os desejos de todos os viventes". Sal. 145:16.

A águia dos Alpes é algumas vezes derrubada pela tempestade nos estreitos desfiladeiros das montanhas. A essa poderosa ave das florestas rodeiam nuvens tempestuosas, cujas negras massas a separam dos píncaros batidos de sol em que ela estabeleceu o lar. Parecem infrutíferos seus esforços para escapar. Bate aqui e acolá, açoitando o ar com as fortes asas, e despertando, com seus guinchos, ecos nas montanhas. Finalmente, com uma nota de triunfo, arremessa-se para cima e, cortando as nuvens, de novo se acha na clara luz solar, com a escuridão e tempestade muito abaixo. Igualmente nos podemos achar rodeados de dificuldades, desânimo e trevas. Cercam-nos falsidade, calamidades, injustiças. Há nuvens que não podemos dissipar. Batemo-nos em vão com as circunstâncias. Há um meio de salvamento, e apenas um. Cerração e neblina cercam a terra; para além das nuvens


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resplandece a luz de Deus. Para a luz de Sua presença podemos ascender com as asas da fé.

Muitas são as lições que assim se podem aprender. A de confiança, pela árvore que, crescendo sozinha na planície ou ao lado da montanha, penetra profundamente suas raízes na terra, e sua força vigorosa desafia a tempestade. A lição do poder exercido pelas primeiras influências, temo-la no tronco nodoso e informe, arqueado quando era um renovo, ao qual nenhum poder terrestre poderá restaurar a perdida simetria. O segredo de uma vida santa aprende-se do lírio aquático, que à tona de alguma poça viscosa, rodeado de ervas ruins e imundícias, penetra suas raízes nas puras areias abaixo e, dali derivando sua vida, ergue à luz as perfumadas flores, em pureza imaculada.

Assim, enquanto as crianças e jovens obtêm conhecimento dos fatos por meio de professores e livros, aprendam por si mesmos a tirar lições e discernir verdades. Nos seus trabalhos de jardinagem, interrogai-os sobre o que aprendem com o cuidado das suas plantas. Olhando eles para uma bela paisagem, perguntai-lhes por que Deus vestiu os campos e os bosques com tais matizes formosos e variados. Por que não foi tudo colorido com um fusco sombrio? Quando colherem flores, fazei-os pensar por que Ele nos poupou essas belezas que desapareceram do Éden. Ensinai-os a observar por toda parte na Natureza as manifestas evidências do pensamento de Deus para conosco, e a maravilhosa adaptação de todas as coisas à nossa necessidade e felicidade.

Somente aquele que reconhece na Natureza a obra de seu Pai, e que na riqueza e beleza da Terra lê a Sua escrita, é que aprende as mais profundas lições das


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coisas da Natureza, e recebe seu mais elevado auxílio. Só poderá apreciar amplamente a significação das colinas e vales, rios e mares, aquele que olhar para eles como a expressão do pensamento de Deus, como uma revelação do Criador.

Muitas ilustrações da Natureza são empregadas pelos escritores da Bíblia; e, observando nós as coisas do mundo natural, habilitamo-nos, sob a guia do Espírito Santo, para compreender mais amplamente as lições da Palavra de Deus. É assim que a Natureza se torna uma chave do tesouro da Palavra.

Devem-se animar as crianças a buscar na Natureza objetos que ilustrem os ensinos da Bíblia, e estudar nesta os símiles tirados daquela. Devem procurar, tanto na Natureza como na Escritura Sagrada, todos os objetos que representem a Cristo, e também os que Ele empregou para ilustrar a verdade. Desta maneira poderão aprender a vê-Lo na árvore e na videira, no lírio e na rosa, no Sol e na estrela. Poderão aprender a ouvir a Sua voz no canto das aves, no sussurro das árvores, no retumbante trovão, na música do mar. E todos os objetos na Natureza repetir-lhes-ão Suas preciosas lições.

Aos que assim se familiarizam com Cristo, a Terra jamais será um lugar solitário e desolado. Será a casa de seu Pai, repleta da presença dAquele que uma vez habitou entre os homens.

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