Mensagens Escolhidas - Volume 3

Apêndice C - Carta de G. C. White a L. E. Froom, 8 de Janeiro de 1928

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parte do capítulo foram omitidas nas edições posteriores de O Grande Conflito. Essas quatro páginas se encontram em Testemunhos Para Ministros, págs. 472-475. As informações contidas nessas quatro páginas são muito valiosas para os Adventistas do Sétimo Dia e foram mui apropriadamente incluídas na primeira edição de O Grande Conflito, vol. 4 [de Spirit of Prophecy], que, ao ser publicado, era semelhante aos outros volumes considerados como uma mensagem destinada especialmente aos Adventistas do Sétimo Dia e a [todos] os cristãos que concordavam com eles em crenças e objetivos.

Quando, porém, foi decidido que O Grande Conflito, vol. 4 [de Spirit of Prophecy], devia ser reeditado numa forma para divulgação geral pelos colportores, Ellen G. White sugeriu que aquelas páginas fossem omitidas, devido à probabilidade de que os pastores das igrejas populares, ao lerem essas declarações, ficassem irados e se insurgissem contra a circulação do livro.

Por que nossos irmãos não estudam as misericordiosas relações de Deus para conosco, concedendo-nos informações por meio do Espírito de Profecia em seus belos, harmoniosos e úteis aspectos, em vez de acusar, criticar e dissecar, procurando cortá-lo em pequenos blocos mecânicos e concretos, como os que compramos para nossos filhos brincarem e então pedimos que alguma outra pessoa os encaixe de tal modo que formem uma figura que agrade a eles, deixando de lado determinadas partes do modelo de que eles não gostam? Suplico que o Senhor nos dê paciência e orientação para fazer o que estiver ao nosso alcance, a fim de ajudar tais pessoas a ver a beleza da obra de Deus.

O irmão faz alusão a outras cartas contendo perguntas que eu não respondi. Espero abordá-las em breve, mas não esta manhã.

Atenciosamente,

G. C. White

Outra Carta de G. C. White a L. E. Froom

8 de Janeiro de 1928

Prezado Irmão Froom:

Depois de enviar-lhe ontem uma carta, encontrei sua carta


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de 22 de dezembro. Nela você me diz que durante dois anos inteiros esteve animando o Pastor Daniells a preparar um livro sobre o Espírito de Profecia, mas deixou de dizer-me qual é a resposta que ele dá para esses pedidos.

Referindo-se às declarações que foram publicadas pelo Pastor Loughborough, você fala da influência exercida sobre ele pelas manifestações físicas e insinua que estas não o atraem.

Concordo plenamente com você que a grande prova da mão divina no dom para a Igreja remanescente se acha na evidência interna dos próprios escritos. No entanto, sou levado a crer que há algum valor real nas manifestações físicas que acompanharam a concessão da luz e revelação; do contrário Deus não as teria dado. Além disso, sou posto em contato com numerosas pessoas, fervorosas, sinceras e preciosas à vista do Senhor, que consideram essas manifestações físicas como uma questão de grande importância, e elas testificam que sua fé foi muito fortalecida pelo claro conhecimento dos métodos adotados por nosso Pai celestial para a confirmação dos recebedores na luz que Ele lhes deu.

Você se refere à pequena declaração que lhe enviei sobre a inspiração verbal. Essa declaração feita pela Associação Geral de 1883 estava em perfeita harmonia com as crenças e posições dos pioneiros desta Causa, e era, penso eu, a única posição adotada por todos os nossos pastores e professores até que o Prof. [W. W.] Prescott, presidente do Colégio de Battle Creek, apresentou de maneira muito vigorosa um outro conceito - o conceito mantido e defendido pelo Professor Gausen.

A aceitação desse conceito pelos estudantes do Colégio de Battle Creek e muitos outros, incluindo o Pastor Haskell, resultou na introdução em nossa obra de questões e perplexidades sem fim, e em constante aumento.

A irmã White jamais aceitou a teoria de Gausen acerca da


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inspiração verbal, quer da maneira aplicada a sua própria obra, quer da maneira aplicada à Bíblia.

Você diz que em seu empenho para ter uma compreensão leal e racional dos antecedentes desse maravilhoso dom, tem procurado obter informações a respeito das diversas pessoas que ajudaram a irmã White no aspecto literário da obra.

Tenho a convicção, irmão Froom, de que você nunca obterá luz acerca dos antecedentes do dom do Espírito de Profecia estudando as características e as qualificações das fiéis copistas e dos revisores a quem a irmã White chamou para que a ajudassem no preparo de artigos para publicação em nossos periódicos e de capítulos para seus livros.

O fundamento para firmar a fé nas mensagens que Deus enviou a Seu povo será encontrado com mais facilidade no estudo de Seu trato com os Seus profetas em séculos passados. Parece-me que o estudo da vida e dos labores e escritos de São Paulo é mais proveitoso e esclarecedor do que qualquer outra linha de estudo que possamos sugerir, e não acho que seremos grandemente ajudados em estabelecer confiança nos escritos de Paulo procurando fazer uma lista de seus auxiliares e pesquisando a história e a experiência deles. É-me fácil crer que Jeremias foi dirigido por Deus em sua escolha de Baruque como copista; e também que Paulo teve sabedoria celestial ao escolher os que seriam seus escreventes de quando em quando, segundo suas necessidades.

Tenho a convicção de que a irmã Ellen G. White teve orientação celestial ao escolher as pessoas que deviam servir de copistas e as que deviam ajudar a preparar artigos para nossos periódicos e capítulos para nossos livros.

Estou bem familiarizado com as circunstâncias que a levaram a escolher alguns desses obreiros e dos encorajamentos diretos que lhe foram dados no tocante a suas qualificações e fidedignidade para o trabalho. Também sei de ocasiões em que lhe foi ordenado instruir, advertir e às vezes demitir de seu emprego aqueles cuja falta de espiritualidade os desqualificava para serviço


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satisfatório. Quanto a isso, o Pastor Starr poderia dar-lhe um interessante capítulo a respeito da experiência da irmã White com a Srta. Fannie Bolton, e eu poderia falar-lhe de uma circunstância na qual ela se separou de sua própria sobrinha, Mary Clough, a quem muito amava.

No começo da década de 1860, a irmã White estava sem ajuda, exceto de seu marido, o qual prestava atenção enquanto ela lia capítulos do manuscrito e sugeria as correções gramaticais que lhe vinham à mente. Como menino, recordo haver presenciado circunstâncias como esta - O Pastor White, em seu cansaço, estava deitado no sofá, e a irmã White trazia um capítulo escrito para Spiritual Gifts e lia para ele, e ele sugeria, segundo foi declarado acima, correções gramaticais. Artigos para os Testemunhos eram tratados de maneira semelhante.

Além dos poucos testemunhos que eram impressos, muitos testemunhos pessoais eram enviados a indivíduos, e muitas vezes a irmã White escrevia, dizendo: "Não tenho ninguém para copiar este testemunho. Por favor, faça uma cópia por si mesmo e envie o original de volta para mim." Como resultado desse método de trabalho, temos em nossa caixa forte de manuscritos muitos dos antigos testemunhos na caligrafia da irmã White.

No começo da década de 1860, a irmã Lucinda M. Hall desempenhou as funções de governanta, secretária e por vezes companheira de viagem da irmã White. Ela era ao mesmo tempo tímida e conscienciosa, e só corrigia os erros gramaticais mais evidentes. Por volta de 1862, a irmã Adélia Patten juntou-se à família White e fez algumas cópias para a irmã White. Mais tarde ela se juntou à Review and Herald.

No outono de 1872 a irmã White visitou o Colorado e ficou conhecendo sua sobrinha Mary C. Clough, e em 74, 75 e 76 a Srta. Clough ajudou a preparar cópias para Spirit of Prophecy, vol. 2 e 3. Ela também acompanhou o Pastor e a Sra. White em seus trabalhos nas reuniões campais, e serviu de repórter para a imprensa pública, sendo assim o primeiro agente publicitário empregado regularmente pela denominação, e pode ser considerada


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como a avó de nosso departamento de publicidade.

Sua experiência como repórter de jornais, a confiança que ela obteve assim, e o louvor acumulado sobre o seu trabalho, incapacitaram-na para a delicada e sagrada obra de ser revisora de artigos para a Review e de capítulos para O Grande Conflito. Numa visão foi apresentado à irmã White que ela e Mary estavam olhando para alguns notáveis acontecimentos no céu. Eles significavam muita coisa para a irmã White, mas para Mary pareciam não significar coisa alguma; e o anjo disse: "As coisas espirituais se discernem espiritualmente", e então ele recomendou que a irmã White não empregasse mais a sobrinha como sua revisora de livros.

Durante 1868, 69 e 70 várias pessoas foram empregadas pela irmã White para copiar seus testemunhos. Entre elas estavam a Srta. Emma Sturgess, mais tarde esposa de Amós Prescott; a Srta. Anna Hale, mais tarde esposa de Irwin Royce; e outras, cujos nomes não recordo agora.

Após a morte do Pastor [Tiago] White, em 1881, a irmã White empregou a irmã Mariana Davis. Ela fora durante alguns anos revisora na Review and Herald, e a irmã White recebeu a garantia, pela revelação, de que a irmã Davis seria uma auxiliar conscienciosa e fiel. Posteriormente, a irmã Elisa Burnham foi empregada pela irmã White, e em certa época a Sra. B. L. Whitney e Fannie Bolton foram empregadas em Battle Creek como auxiliares quando havia muito trabalho para fazer. A irmã Davis esteve com a irmã White na Europa em 1886 e 1887. Ela foi também a principal auxiliar da irmã White na Austrália.

Quando o trabalho na Austrália cresceu, a irmã Burnham foi chamada para ajudar na preparação de livros, e Maggie Hare e Minnie Hawkins foram empregadas como copistas.

Esqueci de mencionar que durante os anos em que a irmã White esteve em Healdsburgo, a irmã J. I. Ings realizou muitas cópias de testemunhos e de manuscritos.

Em certa época, enquanto estávamos na Austrália, foi proposto que Special Testimonies to Ministers (isto é, Special Testimonies,


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Series A), publicados e expedidos pelo Pastor [O. A.] Olson (Presidente da Associação Geral)

no começo da década de 1890, fossem reimpressos sendo a matéria agrupada de acordo com os assuntos. Enquanto isso estava em consideração, sucedeu que o Pastor W. A. Colcord, que uma vez fora secretário da Associação Geral e por muitos anos um dos principais escritores sobre assuntos de liberdade religiosa, se achava desempregado, e a meu pedido a irmã White o empregou para pegar os testemunhos especiais e agrupar a matéria de acordo com os assuntos, para reedição. Ele passou várias semanas nesse trabalho, sendo pago pela irmã White; mas a obra nunca foi usada. Se eu estou bem lembrado, esse constituiu o limite de sua ligação com a obra literária dela.

O último trabalho realizado pela irmã Davis foi a seleção e a organização do material usado em A Ciência do Bom Viver.

O Pastor C. C. Crisler ajudou a irmã White a escolher e organizar o material publicado em Atos dos Apóstolos e Profetas e Reis.

Este esboço do trabalho e dos obreiros não pretende ser completo. Nunca foi considerado por mim ou por qualquer dos auxiliares da irmã White que o pessoal de sua força de trabalho era de primordial interesse para os leitores de seus livros. Ela escrevia a matéria. Ela escrevia mui extensamente. Sempre havia divergências entre ela e os publicadores sobre a quantidade do material que devia ser usado. A irmã White ficava mais contente quando o assunto era apresentado na íntegra, e os publicadores sempre faziam pressão para que o material fosse condensado ou abreviado, de modo que o livro não se tornasse muito grande. Conseqüentemente, depois que importantes capítulos estavam preparados para o prelo, e às vezes depois que foram enviados para lá, era dada à irmã White uma nova apresentação do assunto, e ela escrevia partes adicionais e insistia que fossem incluídas. Esta experiência se aplicou principalmente a O Grande Conflito, vol. 4 [de Spirit of Prophecy].

Uma dificuldade correspondente com a quantidade do


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material preparado para O Desejado de Todas as Nações foi superada em parte pela reserva de certas porções que foram usadas em Parábolas de Jesus e O Maior Discurso de Cristo.

Quanto à leitura de obras de autores contemporâneos durante o tempo da preparação desse livros, há muito pouco para se dizer, porque, quando a irmã White se achava diligentemente ocupada em escrever, ela dispunha de bem pouco tempo para ler. Antes do seu trabalho de escrever sobre a vida de Cristo e durante o tempo de sua escrita, até certo ponto, ela leu as obras de Hanna, Fleetwood, Farrar e Geikie. Eu nunca soube que ela leu Edersheim. Ocasionalmente consultava Andrews, em especial no tocante à cronologia.

Por que ela leu alguns desses livros? Os grandes acontecimentos do conflito dos séculos expostos na série com este nome lhe foram apresentados, em parte, em muitas ocasiões diferentes. Na primeira apresentação foi-lhe dado um breve esboço, segundo consta na terceira seção do livro que agora se chama Primeiros Escritos.

Mais tarde lhe foram apresentados os grandes acontecimentos da era patriarcal e a experiência dos profetas, da maneira exposta em seus artigos em Testimonies for the Church e em suas séries de artigos publicados em anos posteriores na Review, The Signs of the Times e Southern Watchman. Essas séries, como você deve estar lembrado, tratam de modo bem amplo da obra de Esdras, Neemias, Jeremias e outros profetas.

Os grandes acontecimentos que ocorreram na vida de nosso Senhor lhe foram apresentados em cenas panorâmicas, como sucedeu também com as outras partes de O Grande Conflito. Nalgumas dessas cenas a cronologia e a geografia foram apresentadas com clareza, mas na maior parte da revelação as cenas instantâneas, que eram muito vívidas, e as conversações e discussões, que ela ouviu e pôde relatar, não foram assinaladas geográfica ou cronologicamente, e ela teve de estudar a Bíblia, a História e os escritos de homens que apresentaram a


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vida de nosso Senhor, a fim de obter a conexão cronológica e geográfica.

Outro propósito da leitura de obras de História e de Life of Our Lord e de Life of St. Paul era que, ao fazê-lo, lhe vinham vividamente à memória cenas claramente apresentadas em visão; as quais, com o passar dos anos e seu denodado ministério, se obscureceram em sua memória.

Muitas vezes, na leitura de Hanna, Farrar ou Fleetwood, ela se apressava a fazer a descrição de uma cena que lhe fora apresentada vividamente, mas tinha sido esquecida, e que conseguia descrever mais detalhadamente do que aquilo que havia lido.

Não obstante todo o poder que Deus lhe havia dado para expor as cenas da vida de Cristo e Seus apóstolos, de Seus profetas e de Seus reformadores de maneira mais vigorosa e impressionante do que outros historiadores, ela sempre sentia intensamente os resultados de sua falta de educação escolar. Admirava a linguagem em que outros escritores haviam apresentado a seus leitores as cenas que Deus lhe mostrara em visão, e considerava um prazer, uma conveniência e uma economia de tempo usar a linguagem deles na íntegra ou em parte ao apresentar as coisas que ela conhecia pela revelação e que desejava transmitir aos seus leitores.

Em muitos de seus manuscritos, da maneira como saíram de sua mão, foram usadas aspas. Noutros casos elas não foram usadas; e o seu costume de usar partes de frases encontradas nos escritos de outros e preencher uma parte com sua própria composição, não se baseava num plano definido, nem foi contestado por seus copistas e planejadores de anúncios até cerca de 1885 e mais adiante.

Quando os críticos indicaram esse aspecto de sua obra como uma razão para pôr em dúvida o dom que a habilitara a escrever ela deu pouca atenção para isso. Mais tarde, quando foi feita a queixa de que isso constituía uma injustiça a outros publicadores e escritores, ela efetuou uma mudança decisiva -

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