Suprir as Necessidades dos Pobres
Por toda parte, em nosso redor, vemos miséria e sofrimento: famílias com falta do necessário, crianças a pedirem pão. A casa do pobre ressente-se, muitas vezes, da falta de móveis indispensáveis, e de colchões e roupa de cama. Muitos vivem em simples choças, destituídas de todo conforto. O clamor dos pobres chega até aos Céus. Deus vê e ouve. Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 36.
Enquanto, em Sua providência, Deus tem carregado a Terra com Suas generosidades, e enchido seus tesouros com os confortos da vida, a falta e a miséria encontram-se por toda parte. A liberal Providência tem colocado nas mãos de Seus instrumentos humanos com que suprir abundantemente as necessidades de todos, mas os mordomos de Deus são infiéis. Gasta-se no professo mundo cristão, em extravagâncias ostentosas, o suficiente para suprir as faltas a todos os famintos e vestir a todos os nus. Muitos que usam o nome de Cristo, estão empregando Seu dinheiro em prazeres egoístas, para satisfação do apetite, em bebida forte e dispendiosos artigos delicados, casas, mobílias e roupas de custo extravagante ao passo que aos pobres seres humanos em sofrimento, dificilmente concedem um olhar de piedade ou uma palavra de simpatia.
Que miséria existe no próprio centro de nossos chamados países cristãos! Pensai nas condições dos pobres de nossas grandes cidades. Há, nessas cidades, multidões de criaturas humanas que não recebem tanto cuidado e consideração quanto se dispensa aos animais. Há milhares de crianças miseráveis, rotas e meio famintas tendo estampados no rosto o vício e a depravação. Arrebanham-se
famílias em promiscuidade em míseros casebres, muitos deles escuros celeiros cheios de umidade e de imundícia. As crianças nascem nesses terríveis lugares. A infância e a juventude nada vêem de atrativo, nada de beleza natural das coisas criadas por Deus para deleite dos sentidos. As crianças são deixadas a crescer e formar o caráter segundo os baixos preceitos, a miséria, os maus exemplos que vêem em torno de si. O nome de Deus, só ouvem proferir de maneira profana. Palavras impuras, o cheiro das bebidas e do fumo, a degradação moral de toda espécie, eis o que se lhes depara aos olhos e perverte os sentidos. E dessas infelizes habitações partem lamentáveis clamores por pão e roupa, clamores saídos de lábios que nada sabem acerca da oração.
Há uma obra a ser feita por nossas igrejas, da qual muitos mal fazem uma idéia, obra até aqui nem tocada, por assim dizer. "Tive fome", diz Cristo, "e destes-Me de comer; tive sede, e destes-Me de beber; era estrangeiro e hospedastes-Me; estava nu, e vestistes-Me; adoeci, e visitastes-Me; estive na prisão, e fostes ver-Me." Mat. 25:35 e 36. Pensam alguns que, se dão dinheiro para esta obra, isto é tudo quanto deles se requer; mas isto é um erro. A dádiva do dinheiro não pode tomar o lugar do serviço pessoal. É direito dar de nossos meios, e muitos mais o deveriam fazer; é-lhes, porém, exigido o serviço pessoal segundo suas oportunidades e suas forças.
A obra de recolher o necessitado, o oprimido, o aflito, o que sofreu perdas, é justamente a obra que toda igreja que crê na verdade para este tempo devia de há muito estar realizando. Cumpre-nos mostrar a terna simpatia do samaritano em acudir às necessidades físicas, alimentar o faminto, trazer para casa os pobres desterrados, buscando de Deus todo dia a graça e a força que nos habilitem a chegar às profundezas da miséria humana, e ajudar
aqueles que absolutamente não se podem ajudar a si mesmos. Isto fazendo, temos favorável ensejo de apresentar a Cristo, o Crucificado. Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 512 a 514.
Começar por Ajudar os Vizinhos
Todo membro de igreja deve considerar seu especial dever o trabalhar pela vizinhança. Cogitai a ver qual a melhor maneira de auxiliar os que não têm interesse nas coisas religiosas. Ao visitardes amigos e vizinhos, manifestai interesse em seu bem-estar temporal e espiritual. Apresentai a Cristo como o Salvador que perdoa o pecado. Convidai os vizinhos a vossa casa, e lede com eles a preciosa Bíblia e os livros que lhes explicam as verdades. Isto, aliado a hinos singelos e fervorosas orações, tocar-lhes-á o coração. Eduquem-se os membros da igreja em assim fazer. Isto é tão essencial como salvar as almas entenebrecidas nos campos estrangeiros. Enquanto uns sentem a preocupação pelas almas distantes, tomem os muitos que se acham na pátria sobre si o encargo das preciosas almas que os rodeiam e trabalhem tão diligentemente como aqueles por sua salvação.
As horas tão freqüentemente passadas em diversões que não refrigeram o corpo nem a alma devem ser gastas em visitar os pobres, os doentes e os aflitos, ou em ajudar alguém que se ache em necessidade.
Ao tentar ajudar o pobre, o desprezado, o abandonado, não trabalheis por eles no alto do pedestal de vossa dignidade e superioridade, pois por essa maneira nada conseguireis. Convertei-vos verdadeiramente, e aprendei dAquele que é manso e humilde de coração. Cumpre-nos ter sempre o Senhor diante de nós. Como servos de Cristo, dizei sempre, para que o não esqueçais: "Fui comprado por preço."
Deus pede não somente vossa beneficência, mas um semblante satisfeito, palavras de esperança, o aperto de
vossa mão. Ao visitardes os aflitos do Senhor, encontrareis alguns a quem a esperança já abandonou; levai-lhes de volta os seus raios. Outros há que carecem do pão da vida; lede-lhes a Palavra de Deus. Há em outros uma enfermidade da alma que bálsamo algum terrestre pode amenizar, nenhum médico pode curar; orai por esses e levai-os a Jesus.
Em ocasiões especiais, alguns cedem ao sentimentalismo, o qual leva a movimentos impulsivos. Talvez eles pensem estar prestando grande serviço a Cristo, mas não é assim. Seu zelo logo diminui, e então é negligenciado o servir a Cristo. Não são serviços intermitentes que o Senhor aceita; não é por acessos emocionais de atividade que podemos fazer bem a nosso próximo. Os esforços esporádicos para fazer o bem dão muitas vezes em resultado mais dano que benefício. Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 514 e 515.
Dar o Auxílio Apropriado
Cumpre considerar cuidadosamente e com oração os métodos de ajudar os necessitados. Precisamos buscar em Deus sabedoria, pois Ele sabe mais que os limitados mortais como cuidar das criaturas que fez. Alguns há que dão indiscriminadamente a todos quantos lhes solicitam o auxílio. Nisto eles erram. Ao procurar ajudar o necessitado, devemos cuidar em ministrar-lhes a justa espécie de auxílio. Pessoas há que, uma vez ajudadas, continuarão a tornar-se especiais objetos de necessidade. Dependerão enquanto virem alguma coisa de que depender. Dando a essas pessoas indevido tempo e atenção, estimularemos a preguiça, a incapacidade, o desperdício e a intemperança.
Ao darmos aos pobres, convém considerarmos: "Estou eu estimulando a prodigalidade? Estou eu os ajudando, ou os prejudicando?" Ninguém que possa ganhar a subsistência tem direito a depender de outros.
O provérbio: "O mundo me deve a subsistência", encerra a essência da falsidade, da fraude e do roubo. O mundo não deve a subsistência a nenhum homem capaz de trabalhar e ganhar sua manutenção. Mas se nos chega à porta alguém pedindo pão, não o devemos mandar embora com fome. Sua pobreza pode ser resultado de infortúnios.
Cumpre-nos ajudar aqueles que, tendo uma grande família a sustentar, têm de lutar constantemente com a debilidade e a pobreza. Muita mãe viúva, carregada de filhos órfãos, trabalha muito além de suas forças a fim de manter consigo seus pequeninos, e prover-lhes alimento e roupa. Muitas dessas mães têm morrido de excesso de trabalho. Toda viúva necessita do conforto de palavras esperançosas, de animação, e muitas, muitas há que devem receber considerável ajuda. Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 515 e 516.
Anotar Cada Caso de Necessidade
É desígnio de Deus que o rico e o pobre estejam intimamente ligados pelos laços da simpatia e da assistência. Manda-nos que nos interessemos em todo caso de sofrimento e necessidade que nos venha ao conhecimento.
Não julgueis abaixo de vossa dignidade o servir à humanidade sofredora. ...
Muitas pessoas que não pertencem a nossa fé, estão anelando o próprio auxílio que os cristãos têm o dever de dar. Caso o povo de Deus mostrasse genuíno interesse em seu próximo, muitos seriam alcançados pelas verdades especiais para este tempo. Coisa alguma dará, ou jamais poderá dar reputação à obra, como ajudar o povo indo ao seu encontro onde se acham. Milhares de pessoas poderiam estar hoje regozijando na mensagem, se aqueles que professam amar a Deus e guardar Seus mandamentos, trabalhassem como Cristo trabalhava. Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 516-518.
O Melhor Caminho Para Alcançar Corações
Podemos alcançar melhor os corações manifestando interesse pela humanidade necessitada e sofredora.
A cultura da mente e do coração é alcançada com muito mais facilidade quando manifestamos em outros tal terna simpatia a ponto de espalharmos nossos benefícios e privilégios no sentido de aliviar-lhes as necessidades. Carta 116, 1897.
Precisamos representar a Cristo procurando alcançar a outros. Devemos trabalhar sob a ordem que Cristo deu a Seus discípulos: "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado; e eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos." Mat. 28:19 e 20. Nossa obra é, portanto, alcançar as pessoas que temos negligenciado e ganhá-las para Cristo.
Até recentemente nosso povo tem feito pouco ou nenhum esforço para ajudar a esses. Cristo veio não para chamar os justos mas os pecadores ao arrependimento. Ele gostaria que cada alma considerasse a eficácia do Seu sangue como de ilimitado valor, capaz de salvar perfeitamente a todos que forem persuadidos a vir a Ele. Ele deseja que cada indivíduo de nossa raça, formado a Sua imagem, lembrasse que Deus é infinito, e que o Seu amor revelado na expiação de Cristo em favor de toda a humanidade, torna manifesto o valor que atribui à humanidade. Ele os convida a virem a Ele para serem salvos. Devemos ir à Fonte de toda a misericórdia. Ele usará homens como Seus instrumentos para salvar do pecado a seus semelhantes. Carta 33, 1898.