Após Seu batismo, Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado por Satanás. Ao dirigir-Se para o deserto, Cristo foi conduzido pelo Espírito de Deus. Ele não convidava a tentação. Queria estar a sós a fim de meditar sobre Sua obra e missão.
Através do jejum e da oração devia preparar-Se para trilhar a senda cruel que Lhe estava destinada. Como Satanás sabia onde o Salvador podia ser encontrado, para lá se dirigiu com o intuito de tentá-Lo.
Quando Cristo saiu das águas do Jordão, Seu rosto brilhava com a glória de Deus. Mas, depois de ter entrado no deserto, essa glória desvaneceu-se.
Os pecados do mundo, trazia-os sobre Si e em Seu rosto viam-se marcas de tristeza e angústia que homem algum jamais sentira. Ele sofria pelos pecadores.
No Éden, Adão e Eva haviam desobedecido a Deus ao comer o fruto proibido. Seu pecado e desobediência trouxeram sofrimento e morte para o mundo.
Cristo veio dar-nos um exemplo de obediência.
No deserto, depois de jejuar quarenta dias, não quis contrariar a vontade de Deus, mesmo para conseguir alimento.
Uma das primeiras tentações que venceram nossos primeiros pais foi a indulgência do apetite. Através daquele longo jejum, Cristo deveria mostrar que o apetite pode ser subjugado.
Satanás tenta o homem à indulgência do apetite porque isso enfraquece o corpo e anuvia a mente. Desse modo, ele sabe que pode mais facilmente derrotá-lo ou destruí-lo.
Porém, o exemplo de Cristo nos ensina que cada desejo incorreto deve ser vencido. Não devemos ser governados pelo apetite, mas sim governá-lo.
Uma Batalha Cruel
Quando Satanás apareceu a Cristo pela primeira vez, ele tinha a aparência de um anjo de luz. Afirmava ser um mensageiro do Céu.
Disse-Lhe que não era a vontade do Pai que Ele passasse por tais sofrimentos; Ele deveria apenas demonstrar que estava disposto a sofrer. No momento em que Jesus estava lutando com os mais duros padecimentos provocados pela fome, Satanás Lhe disse:
"Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães." Mat. 4:3.
Como o Salvador viera para viver como nosso exemplo, deveria suportar o sofrimento como nós precisamos suportar. Não deveria operar nenhum milagre para beneficiar a Si próprio. Seus milagres deveriam ser somente em favor dos outros. A essa intimação de Satanás, Jesus respondeu:
"Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus." Mat. 4:4.
Desse modo, Ele mostrou que obedecer à Palavra de Deus é mais importante que conseguir o alimento material. Aqueles que obedecem aos preceitos de Deus têm a promessa de
ter todas as suas necessidades supridas na vida presente e também na vida futura.
Satanás não conseguiu derrotar Cristo na primeira grande tentação; ele então conduziu Jesus ao pináculo do templo de Jerusalém, e disse:
"Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos Seus anjos ordenará a Teu respeito; ... eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra." Mat. 4:6.
Aqui, Satanás seguiu o exemplo de Cristo citando as Escrituras. Mas a promessa não é para aqueles que voluntariamente se aventuram no perigo. Deus não havia ordenado que Jesus se atirasse do pináculo e Ele não o faria para satisfazer a Satanás, por isso replicou: "Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus." Mat. 4:7.
Devemos confiar no cuidado de nosso Pai celestial, mas não devemos ir aonde Ele não nos ordena. Não devemos fazer o que Ele proíbe.
Porque Deus é misericordioso e pronto a perdoar, muitos entendem que é seguro desobedecer-lhe, mas isso é presunção. Deus perdoará todos os que buscam perdão e se afastam do pecado. Porém não pode abençoar os que não Lhe obedecem.
Satanás então apareceu como realmente era - o príncipe dos poderes das trevas. Levou Jesus ao cume de uma montanha elevada e mostrou-Lhe todos os reinos do mundo.
A luz do Sol iluminava esplêndidas cidades, palácios de mármore, campos frutíferos e vinhedos. Satanás disse:
"Tudo isto Te darei se, prostrado, me adorares." Mat. 4:9.
Por um momento Jesus contemplou a cena e então voltou-lhe as costas. Satanás havia apresentado o que o mundo tem de mais atraente, mas o olhar do Salvador captou além da beleza exterior.
Ele viu o mundo em sua miséria e pecado, afastado de Deus. Toda essa miséria era resultado de o homem ter-se afastado do Criador para cultuar Satanás.
O coração de Jesus desejava ardentemente resgatar o que se havia perdido. Desejava devolver ao mundo mais do que a beleza edênica. Deseja colocar o homem em uma posição de vantagem com Deus.
Vencendo por Amor
Por amor ao pecadores, Ele resistia à tentação. Deveria ser um vencedor para que eles pudessem vencer, para que pudessem ser iguais aos anjos e dignos de ser reconhecidos como filhos de Deus. A essa oferta, Jesus respondeu:
"Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a Ele darás culto." Mat. 4:10.
Essa grande tentação compreendia o amor do mundo, a ambição do poder, a soberba da vida e tudo o que possa afastar o homem de adorar a Deus. Satanás ofereceu a Cristo o mundo e suas riquezas se Ele homenageasse os princípios do mal. Do mesmo modo, ele nos apresenta as vantagens que podem resultar da prática do mal.
Ele segreda aos nossos ouvidos: "Para ser bem-sucedido neste mundo, você deve me servir. Não seja tão escrupuloso por causa da verdade ou da honestidade. Obedeça ao meu conselho e eu lhe darei honras, riquezas e felicidade."
Dando ouvidos a tais conselhos, estamos adorando a Satanás ao invés de Deus e isso nos trará miséria e ruína.
Cristo nos mostrou o que devemos fazer quando tentados. Quando Ele disse a Satanás: "Retira-te" (Mat. 4:10), o tentador não pôde resistir a essa ordem. Foi obrigado a se afastar.
Contorcendo-se de ódio, o chefe rebelde deixou a presença do Redentor do mundo.
Por hora, o combate havia terminado. A vitória de Cristo fora tão completa quanto a derrota de Adão.
Do mesmo modo, devemos resistir e vencer a Satanás. O Senhor nos diz: "Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e Ele Se chegará a vós." Tia. 4:7 e 8.