A Ciência do Bom Viver

CAPÍTULO 35

O Verdadeiro Conhecimento de Deus

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VII. O Conhecimento por Excelência

"Para iluminação do conhecimento da glória de Deus." II Cor. 4:6.

O Verdadeiro Conhecimento de Deus

Como nosso Salvador, achamo-nos neste mundo para servir a Deus. Aqui nos achamos a fim de nos tornarmos semelhantes a Ele no caráter, revelando-O ao mundo mediante uma vida de serviço. Para sermos colaboradores Seus, para sermos semelhantes a Ele, e Lhe revelarmos o caráter, precisamos conhecê-Lo direito. Cumpre-nos conhecê-Lo tal como Ele Se revela a Si mesmo.

O conhecimento de Deus é o fundamento de toda verdadeira educação e de todo serviço verdadeiro. É a única salvaguarda real contra a tentação. Por ele, unicamente, nos podemos tornar semelhantes a Deus no caráter.

Esse é o conhecimento de que necessitam todos quantos estão trabalhando pelo reerguimento de seus semelhantes. Transformação de caráter, pureza de vida, eficiência no serviço, apego aos princípios corretos, tudo depende do justo conhecimento de Deus. Esse conhecimento é o preparo essencial tanto para esta como para a futura existência.

"O temor do Senhor é o princípio da sabedoria." Prov. 9:10.

Mediante o Seu conhecimento é-nos dado "tudo o que diz respeito à vida e piedade". II Ped. 1:3.


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"E a vida eterna é esta", disse Jesus, "que Te conheçam a Ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste." João 17:3.

"Assim diz o Senhor:

Não se glorie o sábio na sua sabedoria,

Nem se glorie o forte na sua força;

Não se glorie o rico nas suas riquezas.

Mas o que se gloriar glorie-se nisto:

Em Me conhecer e saber que Eu sou o Senhor,

Que faço beneficência, juízo e justiça na Terra;

Porque destas coisas Me agrado, diz o Senhor." Jer. 9:23 e 24.

Precisamos estudar as revelações que Deus tem feito de Si mesmo.

"Ora, toma conhecimento com Ele,

E terás paz:

E assim te alcançará o bem.

Ora, recebe da Sua boca a lei:

E mete as Suas palavras no teu coração. ...

E o Todo-poderoso Se fará teus tesouros. ...

"Porque então te deleitarás no Todo-poderoso;

E levantarás o teu rosto para Deus:

Tu Lhe rogarás, e Ele te ouvirá,

E pagarás os teus votos.

E decretarás um negócio,

E cumprir-se-á;

E sobre os teus caminhos resplandecerá a luz.

Quando te abaterem, então tu dirás:

Haja exaltação!

E Deus salvará o humilde." Jó 22:21-29, Versão Trinitariana.

"Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o Seu eterno poder como a Sua divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas." Rom. 1:20.


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As coisas da Natureza que agora contemplamos não nos dão senão uma fraca idéia da glória do Éden. O pecado manchou a beleza da Terra; podem-se ver em tudo os vestígios da obra do mal. Todavia, permanece muita coisa bela. A Natureza testifica de que Alguém, infinito em poder, grande em bondade, misericórdia e amor, criou a Terra, enchendo-a de vida e alegria. Mesmo em seu estado defeituoso, todas as coisas revelam a mão-de-obra do Artista por excelência. Para onde quer que nos volvamos, podemos ouvir a voz de Deus, e ver testemunhos de Sua bondade.

Desde o solene ribombar do trovão e o incessante bramir do velho oceano, aos festivos cânticos que fazem as florestas palpitantes de melodia, as milhares de vozes da Natureza entoam-Lhe os louvores. Na Terra e no mar e no espaço, com suas maravilhosas cores e matizes, variando em suntuoso contraste ou combinando-se em harmonia, nós Lhe contemplamos a glória. As montanhas eternas falam-nos de Seu poder. As árvores, agitando os verdes leques ao sol, e as flores em sua delicada beleza, apontam para seu Criador. O verde vivo, que atapeta a bronzeada terra, fala do cuidado de Deus para com a mais humilde de Suas criaturas. As profundezas do mar


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e as entranhas da terra revelam-Lhe os tesouros. Aquele que pôs as pérolas no oceano e a ametista e o crisólito entre as rochas é um amante do belo. O Sol que se ergue no firmamento é um representante dAquele que é a vida e a luz de todos quantos foram por Ele criados. Todo esplendor e beleza que adornam a Terra e abrilhantam os Céus falam de Deus.

"Sua glória cobriu os Céus." Hab. 3:3.

"Cheia está a Terra das Tuas riquezas." Sal. 104:24.

"Um dia faz declaração a outro dia,

E uma noite mostra sabedoria a outra noite.

Sem linguagem, sem fala,

Ouvem-se as suas vozes

Em toda a extensão da Terra,

E as suas palavras, até ao fim do mundo." Sal. 19:2-4.

Todas as coisas falam do Seu terno e paternal cuidado, e de Seu desejo de tornar felizes os Seus filhos.


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A poderosa força que opera em toda a Natureza, e sustém todas as coisas, não é, como fazem parecer alguns homens de ciência, unicamente um princípio que tudo penetra, uma energia. Deus é Espírito; é, todavia, um Ser pessoal; pois como tal Se tem Ele revelado:

"O Senhor Deus é verdade;

Ele mesmo é o Deus vivo e o Rei eterno; ...

Os deuses que não fizeram os céus e a Terra

Desaparecerão da Terra e de debaixo deste céu.

"Não é semelhante a estes a porção de Jacó;

Porque Ele é o Criador de todas as coisas. ...

"Ele fez a Terra pelo Seu poder;

Ele estabeleceu o mundo por Sua sabedoria

E com a Sua inteligência estendeu os céus." Jer. 10:10, 11, 16 e 12.

A Natureza Não é Deus

A mão-de-obra de Deus em a Natureza não é o próprio Deus em a Natureza. As coisas da Natureza são uma expressão do caráter e do poder de Deus; não devemos, porém, considerá-la como Deus. A habilidade artística das criaturas humanas produz obras muito belas, coisas que deleitam a vista; e essas coisas nos revelam algo de seu autor; a obra feita não é, no entanto, seu autor. Não é a obra, mas o obreiro, que é considerado digno de honra. Assim, ao passo que a Natureza é uma expressão do pensamento de Deus, não é a Natureza, mas o Deus da Natureza que deve ser exaltado.

"Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos!

Ajoelhemos diante do Senhor. ...

Nas Suas mãos estão as profundezas da Terra,

E as alturas dos montes são Suas.

Seu é o mar, pois Ele o fez,

E as Suas mãos formaram a terra seca." Sal. 95:6, 4 e 5.


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"Procurai o que faz o Sete-estrelo e o Órion,

E torna a sombra da noite em manhã,

E escurece o dia como a noite." Amós 5:8.

"É Ele o que forma os montes, e cria o vento,

E declara ao homem qual é o seu pensamento." Amós 4:13.

"Ele é o que edifica as Suas câmaras no céu,

E a Sua abóbada fundou na Terra,

"E o que chama as águas do mar,

E as derrama sobre a terra;

O Senhor é o Seu nome." Amós 9:6.

A Criação da Terra

A obra da criação não pode ser explicada pela ciência. Que ciência pode explicar o mistério da vida?

"Pela fé, entendemos que os mundos, pela Palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente." Heb. 11:3.

"Eu formo a luz e crio as trevas; ...

Eu, o Senhor, faço todas essas coisas. ...

Eu fiz a Terra e criei nela o homem;

Eu o fiz; as Minhas mãos estenderam os céus

E a todos os seus exércitos dei as Minhas ordens." Isa. 45:7 e 12.

"Eu os chamarei, e aparecerão juntos." Isa. 48:13.

Na criação da Terra, Deus não dependeu de matéria preexistente. "Falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu." Sal. 33:9. Todas as coisas, materiais ou espirituais, apareceram diante do Senhor Jeová à Sua palavra, e foram criadas para Seu próprio desígnio. Os Céus e todo o seu


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exército, a Terra e tudo quanto nela há, vieram à existência pelo sopro de Sua boca.

Na criação do homem, manifestou-se a atuação de um Deus pessoal. Quando Deus fizera o homem à Sua imagem, a forma humana era perfeita, mas jazia inanimada. Então um Deus pessoal, de existência própria, soprou naquela forma o fôlego da vida, e o homem tornou-se um ser vivo, inteligente. Todas as partes do seu organismo se puseram em ação. O coração, as artérias, as veias, a língua, as mãos, os pés, os sentidos, as faculdades da mente, tudo se pôs a funcionar, sendo todos submetidos a uma lei. O homem tornou-se alma vivente. Mediante Cristo, a Palavra, um Deus pessoal criou o homem, dotando-o de inteligência e poder.

Nossa matéria não Lhe era oculta quando, em segredo, fomos formados; Seus olhos viram essa matéria ainda informe, e em Seu livro todos os nossos membros foram escritos, quando ainda nenhum deles havia.

Deus designou que, acima de todas as ordens inferiores de seres, o homem, a coroa de Sua criação, exprimisse Seus pensamentos, e Lhe revelasse a glória. Mas o homem não se deve exaltar como Deus.

"Celebrai com júbilo ao Senhor, ...

Servi ao Senhor com alegria

E apresentai-vos a Ele com canto.

"Sabei que o Senhor é Deus;

Foi Ele, e não nós, que nos fez povo Seu

E ovelhas do Seu pasto.

"Entrai pelas portas dEle com louvor

E em Seus átrios, com hinos;

Louvai-O e bendizei o Seu nome." Sal. 100:1-4.

"Exaltai ao Senhor, nosso Deus,

E adorai-O no Seu santo monte,

Porque o Senhor, nosso Deus, é santo." Sal. 99:9.


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Deus está continuamente ocupado em manter e empregar como servos as coisas que criou. Opera por meio das leis da Natureza, delas Se servindo como instrumentos Seus. Elas não agem por si mesmas. A Natureza, em sua obra, testifica da presença inteligente e da atividade de um Ser que opera em tudo segundo a Sua vontade.

"Para sempre, ó Senhor,

A Tua palavra permanece no Céu.

A Tua fidelidade estende-se de geração em geração;

Tu firmaste a Terra, e firme permanece.

Conforme o que ordenaste, tudo se mantém até hoje;

Porque todas as coisas Te obedecem." Sal. 119:89-91.

"Tudo o que o Senhor quis, Ele o fez,

Nos céus e na Terra, nos mares e em todos os abismos." Sal. 135:6.

"Mandou, e logo foram criados.

E os confirmou para sempre

E lhes deu uma lei que não ultrapassarão." Sal. 148:5 e 6.

Não é por um poder a ela inerente que ano após ano a terra produz suas fartas colheitas, e continua sua marcha ao redor do Sol. A mão do Infinito está em perpétua operação, guiando este planeta. É o poder de Deus em contínuo exercício que mantém a Terra em equilíbrio em sua rotação. É Deus que faz o Sol se erguer nos céus. Abre as janelas do céu e dá a chuva.

"Dá a neve como lã e

Esparge a geada como cinza." Sal. 147:16.

"Fazendo Ele soar a voz, logo há arruído de águas no céu,

E sobem os vapores da extremidade da terra;

Ele faz os relâmpagos para a chuva

E faz sair o vento dos Seus tesouros." Jer. 10:13.


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O mecanismo do corpo humano não pode ser plenamente compreendido; apresenta mistérios que desconcertam o mais inteligente. Não é em resultado de um mecanismo que, uma vez posto a funcionar, continua sua obra, que o pulso bate, e respiração se segue a respiração. Em Deus vivemos e nos movemos, e existimos. O coração palpitante, o pulso em seu ritmo, cada nervo e músculo do organismo vivo é mantido em ordem e atividade pelo poder de um Deus sempre presente.

A Bíblia nos mostra Deus em Seu alto e santo lugar, não em um estado de inatividade, não em silêncio e solidão, mas circundado por miríades de miríades e milhares de milhares de seres santos, todos esperando por fazer a Sua vontade. Por meio desses mensageiros, Ele está em ativa comunicação com todas as partes de Seus domínios. Por Seu Espírito está presente em toda parte. Por meio de Seu Espírito e dos anjos, ministra aos filhos dos homens.

Acima das perturbações da Terra, está Ele sentado em Seu trono; tudo está patente ao Seu exame; e de Sua grande e serena eternidade, ordena aquilo que melhor parece a Sua providência.

"Não é do homem o seu caminho,

Nem do homem que caminha, o dirigir os seus passos." Jer. 10:23.

"Confia no Senhor de todo o teu coração. ...

Reconhece-O em todos os teus caminhos,

E Ele endireitará as tuas veredas." Prov. 3:5 e 6.

"Os olhos do Senhor estão sobre os que O temem,

Sobre os que esperam na Sua misericórdia,

Para livrar a sua almas da morte

E para os conservar vivos na fome." Sal. 33:18.

"Quão preciosa é, ó Deus, a Tua benignidade! ...

Os filhos dos homens se abrigam à sombra das Tuas asas." Sal. 36:7.

"Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio

E cuja esperança está posta no Senhor, seu Deus." Sal. 146:5.


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"A Terra, ó Senhor, está cheia da Tua benignidade." Sal. 119:64.

Tu amas "a justiça e o juízo". Sal. 33:5.

"Tu és a esperança de todas as extremidades da Terra

E daqueles que estão longe sobre o mar;

O que pela Sua força consolida os montes,

Cingido de fortaleza;

O que aplaca o ruído dos mares, ...

O tumulto das nações. ...

"Tu fazes alegres as saídas da manhã e da tarde. ...

Coroas o ano da Tua bondade,

E as Tuas veredas destilam gordura." Sal. 65:5-8 e 11.

"O Senhor sustenta a todos os que caem

E levanta a todos os abatidos.

Os olhos de todos esperam em Ti,

E Tu lhes dás o seu mantimento a seu tempo.

Abres a Tua mão

E satisfazes os desejos de todos os viventes." Sal. 145:14-16.

A Personalidade de Deus Revelada em Cristo

Como Ser pessoal, Deus Se revelou em Seu Filho. O resplendor da glória do Pai, "a expressa imagem da Sua pessoa" (Heb. 1:3), como um Salvador pessoal, Jesus veio ao mundo. Como um Salvador pessoal, subiu Ele ao Céu. Como um Salvador pessoal,

"Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em Mim. Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se Eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo, para que, onde Eu estiver, estejais vós também." João 14:1-3.


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Ele intercede nas cortes celestes. Perante o trono de Deus, intercede em nosso favor "Um semelhante ao Filho do homem". Apoc. 1:13.

Cristo, a luz do mundo, velou o ofuscante esplendor de Sua divindade, e veio viver como homem entre os homens, a fim de que eles pudessem, sem ser consumidos, vir a relacionar-se com seu Criador. Desde que o pecado trouxe separação entre o homem e Aquele que o fizera, homem algum viu, em qualquer tempo, a Deus, a não ser segundo Ele Se manifesta por intermédio de Cristo.

"Eu e o Pai somos um", declarou Cristo. João 10:30. "Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho O quiser revelar." Mat. 11:27.

Cristo veio para ensinar às criaturas humanas aquilo que Deus deseja que elas conheçam. Em cima nos Céus, na Terra, na vastidão do oceano, vemos a obra das mãos de Deus. Todas as coisas criadas testificam de Seu poder, Sua Sabedoria, Seu amor. Todavia não nos é possível, por meio das estrelas ou do oceano ou da catarata, aprender da personalidade de Deus o que nos é revelado em Cristo.

Deus viu que era necessária uma mais clara revelação, tanto de Sua personalidade como de Seu caráter, do que a que nos é oferecida pela Natureza. Enviou Seu filho ao mundo para, tanto quanto a vista humana podia suportar, manifestar a natureza e os atributos do Deus invisível.

Revelado aos Discípulos

Estudemos as palavras proferidas por Cristo no cenáculo, na véspera de Sua crucifixão. Aproximava-se a hora de Seu julgamento, e Ele buscou confortar os discípulos, que deviam ser tão rigorosamente provados.

"Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em Mim. Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar.

"Disse-Lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde


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vais e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim. Se vós Me conhecêsseis a Mim, também conheceríeis a Meu Pai; e já desde agora O conheceis e O tendes visto. ...

"Senhor, mostra-nos o Pai", disse Filipe, "o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não Me tendes conhecido, Filipe? Quem Me vê a Mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que Eu estou no Pai e que o Pai está em Mim? As palavras que Eu vos digo, não as digo de Mim mesmo, mas o Pai, que está em Mim, é quem faz as obras." João 14:1, 2, 5-10.

Os discípulos ainda não compreendiam as palavras de Cristo quanto a Sua relação para com Deus. Muito do Seu ensino ainda lhes era obscuro. Cristo desejava que eles tivessem um mais claro, mais distinto conhecimento de Deus.

"Disse-vos isso por parábolas", disse Ele; "chega, porém, a hora em que vos não falarei mais por parábolas, mas abertamente vos falarei acerca do Pai." João 16:25.

Quando, no dia de Pentecoste, o Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos, eles entenderam mais claramente as verdades que Jesus lhes dissera por parábolas. Muito dos ensinos que lhes haviam sido um mistério, tornou-se-lhes claro. Mas nem mesmo então receberam os discípulos o pleno cumprimento da promessa de Cristo. Receberam relativamente a Deus todo o conhecimento que lhes era possível suportar, mas o completo cumprimento da promessa de que Cristo lhes havia de mostrar plenamente o Pai estava por vir. Assim acontece hoje em dia. Nosso conhecimento de Deus é parcial e imperfeito. Quando o conflito terminar, e o Homem Cristo Jesus reconhecer perante o Pai os Seus fiéis obreiros, que num mundo de pecado dEle têm dado um verdadeiro testemunho, compreenderão eles claramente o que agora lhes é mistério.


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Cristo levou consigo para as cortes celestes a Sua glorificada humanidade. Aos que O recebem, Ele dá poder para se tornarem filhos de Deus, para que enfim possa recebê-los como Seus, para com Ele habitar por toda a eternidade. Se durante esta vida forem leais a Deus, afinal "verão o Seu rosto, e na sua testa estará o Seu nome". Apoc. 22:4. E qual é a felicidade do Céu, senão ver a Deus? Que maior alegria poderia sobrevir ao pecador salvo pela graça de Cristo do que contemplar o rosto de Deus, e conhecê-Lo como Pai?

As Escrituras indicam claramente a relação entre Deus e Cristo, apresentando com igual clareza a personalidade e individualidade de cada um.

"Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho. O qual, sendo... a expressa imagem da Sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder, havendo feito por Si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-Se à destra da Majestade, nas alturas; feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles. Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és Meu Filho, Hoje Te gerei? E outra vez: Eu Lhe serei por Pai, E Ele Me será por Filho?" Heb. 1:1, 3-5.

A personalidade do Pai e do Filho, bem como a unidade existente entre Eles, é apresentada no capítulo dezessete de João, na oração de Cristo por Seus discípulos: "E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela Sua palavra, hão de crer em Mim; para que todos


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sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste." João 17:20 e 21.

A unidade que existe entre Cristo e Seus discípulos não anula a personalidade de nenhum. São um em desígnio, mente, em caráter, mas não em pessoa. É assim que Deus e Cristo são um.

O Caráter de Deus Revelado em Cristo

Tomando sobre Si a humanidade, Cristo veio ser um com a humanidade, e ao mesmo tempo revelar às pecadoras criaturas humanas o Pai celestial. Aquele que estivera na presença do Pai, desde o princípio, Aquele que era a expressa imagem do invisível Deus, era o único habilitado a revelar à humanidade o caráter divino. Em tudo Ele foi feito semelhante a Seus irmãos. Fez-Se carne, tal qual nós somos. Sentia fome e sede e fadiga. Era sustentado pelo alimento, e refrigerado pelo sono. Partilhou da sorte dos homens; era, todavia, o imaculado Filho de Deus. Era um estrangeiro e peregrino na Terra - estava no mundo, mas não era do mundo; tentado e provado como o são os homens e as mulheres de hoje, e vivendo não obstante uma vida isenta de pecado.

"Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do Pai que está nos Céus; porque faz que o Seu Sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos." Mat. 5:44 e 45.


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Terno, compassivo, cheio de simpatia, sempre atencioso para com os outros, Ele representava o caráter de Deus, achando-Se continuamente empenhado em serviço para com o Senhor e o homem.

"O Senhor Meu ungiu", disse Ele,

"Para pregar boas novas aos mansos;

Enviou-Me a restaurar os contritos de coração,

A proclamar liberdade aos cativos" (Isa. 61:1),

"A dar vista aos cegos" (Luc. 4:19);

"A apregoar o ano aceitável do Senhor; ...

"A consolar todos os tristes." Isa. 61:2.

"Amai a vossos inimigos", ordena-nos Ele; "bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do vosso Pai que está nos Céus" (Mat. 5:44 e 45); "porque Ele é benigno até para com os ingratos e maus." Luc. 6:35. "Faz que o Seu Sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos." Mat. 5:45. "Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso." Luc. 6:36.

"Pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, ...

O Oriente do alto nos visitou,

Para alumiar aos que estão assentados em trevas e sombra de morte,

A fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz." Luc. 1:78 e 79.

A Glória da Cruz

A revelação do amor de Deus para com os homens centraliza-se na cruz. A língua não pode exprimir Sua inteira significação, a pena é impotente para descrever, incapaz a mente humana de a penetrar. Olhando à cruz do Calvário, só nos é possível


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dizer: "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna". João 3:16.

Cristo crucificado por nossos pecados, Cristo ressurgido dos mortos, Cristo elevado ao alto, eis a ciência de salvação que temos de aprender e ensinar.

Era Cristo

"Sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz." Filip. 2:6-8.

"É Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus." Rom. 8:34. "Portanto, pode também salvar totalmente perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles." Heb. 7:25.

"Não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém Um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado." Heb. 4:15.

É mediante o dom de Cristo que recebemos todas as bênçãos. Por meio desse dom chega dia a dia até nós o fluxo incessante da bondade de Jeová. Toda flor, com seus delicados matizes e sua fragrância, é concedida para nossa satisfação por intermédio daquele Dom. O Sol e a Lua foram feitos por Ele. Não há nenhuma estrela, que embeleze o céu, que por Ele não haja sido criada. Cada gota de chuva a cair, cada raio de sol espargido sobre nosso ingrato mundo, testifica do amor


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de Deus em Cristo. Tudo nos é suprido através daquele inexprimível Dom, o Filho unigênito de Deus. Ele foi pregado na cruz a fim de que todas essas bênçãos pudessem fluir para a obra de Deus - o homem.

"Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus." I João 3:1.

"Não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu,

Nem com os olhos se viu um Deus além de Ti,

Que trabalhe para aquele que nEle espera." Isa. 64:4.

O Conhecimento que Transforma

O conhecimento de Deus segundo a revelação dada em Cristo, eis o que devem ter todos quantos se salvam. É o conhecimento que opera transformação no caráter. Recebido, esse conhecimento recriará a alma à imagem de Deus. Comunicará a todo o ser um poder espiritual que é divino.

"Todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem." II Cor. 3:18.


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Falando da própria vida, o Salvador disse: "Tenho guardado os mandamentos de Meu Pai." João 15:10. "O Pai não Me tem deixado só, porque Eu faço sempre o que Lhe agrada." João 8:29. Deus pretende que os Seus seguidores sejam o que Jesus foi quando revestido da natureza humana. Cumpre-nos, em Sua força, viver a vida pura e nobre que o Salvador viveu.

"Por causa disso", diz Paulo, "me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, do qual toda a família nos Céus e na Terra toma o nome, para que, segundo as riquezas da Sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo Seu espírito no homem interior; para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus." Efés. 3:14-19.

"Não cessamos de orar por vós e de pedir que sejais cheios do conhecimento da Sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-Lhe em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus; corroborados em toda a fortaleza, segundo a força da Sua glória, em toda a paciência e longanimidade, com gozo." Col. 1:9-11.

É esse o conhecimento que Deus nos está convidando a receber, e ao pé do qual tudo mais é vaidade e nada.

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