Cartas a Jovens Namorados

CAPÍTULO 3

É Realmente Amor?

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Satanás está ativamente empenhado em influenciar pessoas inteiramente desencontradas entre si, a ligarem seus interesses. Ele exulta nesta obra, pois pode assim trazer mais miséria e desesperado infortúnio à família humana do que exercendo sua habilidade em qualquer outro sentido. Mensagens aos Jovens, pág. 455.

Muitos casamentos só podem produzir misérias; e no entanto o espírito dos jovens corre por esse trilho, porque Satanás os leva ali, fazendo-os crer que precisam casar para serem felizes, quando é certo que não possuem habilidade para controlar-se ou sustentar a família. Os que não estão dispostos a adaptar-se ao temperamento um do outro, bem como abandonar desagradáveis divergências e controvérsias, não devem dar o passo. O Lar Adventista, pág. 84.

Esse assunto de casamento deve ser um estudo, em vez de uma questão de impulso. Review and Herald, 2 de fevereiro de 1886.

É Amor Verdadeiro?

O verdadeiro amor é um princípio elevado e santo, inteiramente diferente em seu caráter daquele amor que se desperta por um impulso e que subitamente morre quando severamente provado. Patriarcas e Profetas, pág. 176.


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O verdadeiro amor não é uma forte, ardente e impetuosa paixão. Ao contrário, é calmo e profundo em sua natureza. Olha para além das meras exterioridades, sendo atraído pelas qualidades apenas. É sábio e apto a discernir, e sua dedicação é real e permanente. Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 208.

É o amor um dom precioso, que recebemos de Jesus. A afeição pura e santa não é sentimento, mas princípio. Os que são movidos pelo amor verdadeiro, não são irrazoáveis nem cegos. A Ciência do Bom Viver, pág. 358.

A brandura, a gentileza, a paciência e a longanimidade, o não se ofender facilmente, o sofrer tudo, esperar tudo, tudo suportar - estes são os frutos dados pela preciosa árvore do amor, árvore de origem celeste. Esta árvore, se nutrida, demonstrar-se-á daquelas que estão sempre verdes. Seus ramos não secarão, não lhe murcharão as folhas. É imortal, eterna, continuamente regada pelos orvalhos celestes. Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 209.

Amor, uma Planta Terna

O amor é uma planta de origem celeste, e precisa ser cultivada e nutrida. Corações afetivos, palavras verdadeiras, amoráveis, farão


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famílias felizes e exercerão influência própria para elevar em todos quantos entram na esfera dessa influência. O Lar Adventista, pág. 50.

Embora as mulheres desejem homens de caráter forte e nobre, a quem possam respeitar e amar, essas qualidades precisam estar combinadas com ternura e carinho, paciência e tolerância. A esposa, por sua vez, deve ser alegre, bondosa e dedicada, assemelhando seu gosto ao de seu marido até onde for possível, sem perder sua individualidade. Os dois devem cultivar paciência e bondade, assim esse terno amor de um para com o outro tornará a vida de casados deleitosa e agradável.

Aqueles que têm idéias muito elevadas sobre a vida matrimonial, cuja imaginação tem construído castelos no ar, com quase nada a ver com as perplexidades e problemas da vida, se encontrarão lamentavelmente desapontados diante da realidade. Quando a vida real vier com seus problemas e preocupações, eles estarão totalmente despreparados para enfrentá-los. Esperam perfeição um do outro, mas encontram fraquezas e defeitos; porque homens e mulheres finitos não são perfeitos. Então começam a encontrar defeito um no outro, e a expressar seu desapontamento. Em vez disto, devem tentar ajudar um ao outro a enfrentar corajosamente a batalha da vida. Review and Herald, 2 de fevereiro de 1886.

O Poder do Amor

O amor é poder. Nesse princípio acha-se envolvida força intelectual e moral, que dele não se pode separar. O poder da


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riqueza tem a tendência de corromper e destruir; o poder da força é potente para causar dano; a excelência e o valor do amor puro, porém, consistem em sua eficiência para fazer bem, e nada senão bem.

Tudo quanto é feito por puro amor, por mais pequenino ou desprezível que seja aos olhos dos homens, é inteiramente frutífero; pois Deus olha mais a quanto do amor alguém põe no que faz, do que na quantidade que realiza.

O amor é de Deus. O coração não convertido é incapaz de originar ou produzir esta planta de procedência celeste, que só vive e floresce onde Cristo reina. ... O amor não trabalha pelo proveito nem pela recompensa; todavia foi ordenado por Deus que grande ganho acompanhe seguramente toda obra de amor. Este é difusivo em sua natureza e sem ruído em sua maneira de agir, e todavia forte e poderoso em seu desígnio de vencer grandes males. Sua influência é de molde a abrandar e a transformar, e tomará posse da vida dos pecadores e lhes tocará o coração quando todos os outros meios se houverem demonstrado infrutíferos.


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Onde quer que seja empregado o poder do intelecto, da autoridade ou da força, e não se achar manifestamente presente o amor, as afeições e a vontade daqueles a quem buscamos alcançar tomam uma atitude defensiva ou de repulsa, e acresce-lhes a força de resistência. ...

O amor puro é simples em suas maneiras de agir, e distingue-se de qualquer outro princípio de ação. O amor da influência e o desejo de fruir a estima dos outros talvez produzam uma vida bem ordenada e, freqüentemente, uma conduta irrepreensível. O respeito de nós mesmos nos pode levar a evitar a aparência do mal. Um coração egoísta pode praticar ações generosas, reconhecer a verdade presente, e exprimir humildade e afeição de maneira exterior, não obstante os motivos podem ser enganosos e impuros; as ações que nascemde um coração assim podem ser destituídas do sabor da vida, dos frutos de verdadeira santidade, dos princípios do amor puro.

O amor deve ser nutrido e cultivado, pois sua influência é divina. Testemunhos Seletos, vol. 1, págs. 209-211.

Quando o Amor é Cego

Duas pessoas travam relações; tornam-se envaidecidas mutuamente, e têm absorvida toda a sua atenção. A razão fica cegada, subvertido o juízo. Não se submetem a nenhuma advertência ou orientação, mas insistem em seguir seu próprio caminho, apesar das conseqüências.

O envaidecimento que os possui é como uma epidemia, ou alguma enfermidade contagiosa, que tem de seguir o seu curso; e parece impossível detê-los. Há talvez ao seu redor pessoas que reconhecem que, se as partes interessadas se unirem em casamento, poderia disso resultar tão-somente a infelicidade por toda a vida. Mas as exortações e instâncias que fazem, são em vão. Talvez, por semelhante união, seja mutilada ou destruída a utilidade de uma pessoa que Deus desejaria abençoar em Sua obra; mas os conselhos e a persuasão são desatendidos.

Tudo o que possam dizer homens e mulheres de experiência, não tem efeito; é impotente para mudar a decisão a que os levaram seus desejos. Perdem o interesse no culto de oração e em tudo que faz parte da religião. Acham-se por completo envaidecidos um com o outro, e


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negligenciam os deveres da vida como se fossem questões de pouca importância. ...

Sob o feitiço desse envaidecimento é sacrificado o bom nome da honra, e o casamento de tais pessoas não pode realizar-se com a aprovação de Deus. Casam-se porque a isso os levou a paixão, e passada a novidade do caso, começam a reconhecer o que fizeram. Dentro de seis meses depois de feitos os votos, seus sentimentos mútuos sofreram alteração. Cada um ficou conhecendo melhor, depois de casado, o caráter do companheiro escolhido. Cada qual descobre imperfeições que, durante a cegueira e loucura de sua associação antes de se casarem, não eram aparentes. As promessas feitas perante o altar já não os prendem. Em conseqüência de casamentos precipitados, mesmo entre o professo povo de Deus, há separações, divórcios, e grande confusão na igreja. ...

Quando já é tarde demais, descobrem que cometeram erro e puseram em perigo sua felicidade nesta vida, e a salvação de sua alma. Achavam que nenhum outro sabia alguma coisa sobre o assunto; se, porém, tivessem aceito conselhos, poderiam ter-se poupado anos de ansiedade e tristezas.


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Mas, para com os que estão resolvidos a seguir o seu próprio caminho, os conselhos são em vão. A paixão leva essas pessoas através de todas as barreiras que a razão e juízo lhes possam contrapor. Mensagens aos Jovens, págs. 456-459.

Pesem cada sentimento e observem todo desenvolvimento de caráter na pessoa a quem pretendem ligar o destino de sua vida. O passo que vão dar é um dos mais importantes de sua vida, e não deve ser dado precipitadamente. Conquanto possam amar, não amem cegamente. Fundamentos da Educação Cristã, pág. 104.

Espero que tenha respeito próprio suficiente para evitar esta forma de namoro. Se deseja sinceramente a glória de Deus, agirá com decidida cautela. Não tolerará que um doentio sentimentalismo amoroso lhe cegue a visão por tal forma, que não possa discernir os altos direitos de Deus sobre você como cristão. Mensagens aos Jovens, pág. 438.

Várias questões desafiadoras são levantadas nesta carta. Parece que ambos são demasiado jovens e imaturos para pensar em casamento. São sugeridas algumas evidências de imaturidade. Há o problema de superficialidade por parte da moça. É considerada a questão se o amor é real ou paixão. Ellen White insiste com esse jovem para dar mais atenção ao caso e não pensar apenas no momento.


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Salem, Oregon, 8 de julho de 1880

Estimado João,

Sinto muito que você tenha se envolvido num namoro com Elizabete. Em primeiro lugar, sua ansiedade quanto a esse assunto é prematura.

Falo-lhe como alguém que tem experiência. Espere até que você adquira algum conhecimento exato de si mesmo e do mundo, e da conduta e caráter da moça antes que o tema do casamento ocupe seus pensamentos.

Elizabete nunca o elevará. Ela não possui as faculdades ocultas que, desenvolvidas, fariam dela uma mulher prudente e habilitada para permanecer ao seu lado, para auxiliá-lo nas lutas da vida. Falta-lhe amadurecimento de caráter. Não possui profundidade de pensamento nem mente aberta que poderiam lhe ser um auxílio. Você olha o superficial e isso é tudo que existe. Se você se casar, em pouco tempo o encanto será quebrado. Passada a novidade da vida de casados, você enxergará as coisas em seu aspecto real, e perceberá que cometeu um lamentável engano.

O amor é um sentimento tão sagrado que poucos o experimentam. É um termo usado, mas não compreendido. A atração ou impulso da fascinação de um rapaz por uma moça ou vice-versa, não é amor e não faz jus a esse nome. O verdadeiro amor tem base intelectual, através de um profundo conhecimento da pessoa amada.

Lembre-se que o amor impulsivo é completamente cego. Tanto é depositado sobre coisas indignas como dignas. Controle esse amor para mantê-lo calmo e tranqüilo. Dê lugar ao pensamento genuíno e profundo, à reflexão intensa. É esse objeto de sua afeição, na escala de inteligência e excelência moral, em conduta e em boas maneiras, de tal natureza que sentirá orgulho ao apresentá-la à sua família, e ao reconhecê-la perante a sociedade como o objeto de sua escolha?

Dê tempo suficiente a si mesmo para observá-la em cada ponto. E então não confie em sua própria decisão. Permita que a mãe que o ama, seu pai e amigos íntimos façam observações críticas àquela que você sente-se inclinado a preferir.


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Não confie em seu próprio julgamento. Não se case com alguém que, você sabe, não será uma honra para seus pais, e sim com alguém que tenha inteligência e dignidade moral.

A moça que entrega suas afeições a um homem e atrai suas atenções através de insinuações, exibindo-se por toda parte para ser notada por ele, não é a ideal para você que deseja casar-se. Sua conversa é vulgar e freqüentemente superficial.

Será melhor não se casar nunca, do que estar casado e infeliz. Busque conselho de Deus em todas estas coisas. Seja tão calmo e submisso à vontade de Deus de modo que você não seja afetado por uma excitação febril, e assim desqualificado para Seu serviço devido a seus laços afetivos.

Temos pouco tempo para armazenar tesouros de boas obras no Céu. Não cometa um erro nisso. Sirva a Deus com afeições não divididas. Seja zeloso e íntegro. Que seu exemplo seja de tal natureza que ajude outros a decidirem-se por Jesus. Os jovens não sabem o poder que sua influência pode ter. Trabalhe para este tempo e para a eternidade.

Sua mãe adotiva

Ellen G. White

Carta 59, 1880.

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